José Manuel Esteves, secretário-geral da ARESP, diz que os empresários se orgulham de manter o preço social do café, mas isso vai ser “impossível” com a especulação.
Pedro H. Gonçalves
Bica vai custar 1 euro
O preço duma bica vai custar um euro, segundo José Manuel Esteves, da Associação da Restauração e Similares de Portugal (ARESP). Segundo o secretário-geral da Associação, a subida em 30% do preço dos grãos de café nos mercados internacionais “põe uma pressão insustentável sobre os empresários, que se reflectirá no preço final”, garantiu.
Apesar de os preços serem liberalizados, o custo médio ronda os 55 cêntimos, o que significa que os aumentos vão duplicar a factura para o consumidor. “O preço do café em Portugal é um preço social”, referiu o representante da ARESP, acrescentando que o aumento previsto não se deve à escassez da matéria-prima a nível mundial. “Há excedentes de café no mercado. O nosso problema são as bolhas de especulação que nem produtores nem consumidores controlam. Essas inflacionam os preços”, salientou.
José Manuel Esteves referiu que a entrada de fundos de investimento anónimos “estão a comprar empresas de torrefacção em Portugal porque descobriram que é um grande negócio”. Manuel Esteves deixa o aviso: “Os consumidores que se preparem”, sem no entanto conseguir adiantar quando é que os aumentos chegarão ao mercado português.
A ARESP, reunida ontem num congresso em Lisboa, voltou a reclamar a descida do IVA, dos 12% cobrados na restauração, para os 7%. De acordo com o Mário Pereira Gonçalves, presidente da ARESP, “queremos uma harmonização fiscal com Espanha, que cobra 5%”.
O secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, também presente no congresso, referiu que os tempos ainda são de “consolidação orçamental”, optando por sublinhar o papel que os fundos do Quadro Referência Estratégico Nacional (QREN) podem ter no auxílio às pequenas e médias empresas que constituem a grande maioria do sector da restauração. A ARESP rejeita a proposta. “Tem de ser pelo IVA e não por fundos”, afirmou Pereira Gonçalves.