ESPECIAL
27/02/2009
Portos, aeroportos e hidrovias estão na mira dos holandeses
De Haia
Centro distribuidor da Europa, a Holanda é o país da logística. E quer aproveitar essa experiência, fazer negócios e estabelecer rota de cooperação com o Brasil. O foco das empresas holandesas da área de infraestrutura recai sobre a construção de nova capacidade portuária, modernização e expansão de aeroportos e desenvolvimento de hidrovias.
“Temos grandes oportunidades em conjunto desde que o presidente Lula anunciou o Programa de Aceleração do Crescimento”, diz Camiel Eurlings, ministro dos Transportes, Obras Públicas e Recursos Hídricos da Holanda, falando do PAC. Ele integra a comitiva do primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende, que segunda-feira inicia visita oficial ao Brasil.
Eurlings chega ao país acompanhado de representantes de cerca de 60 empresas e instituições, entre as quais estarão a Amports, o complexo portuário de Amsterdam, IHC Merwede (estaleiro especializado na construção de dragas), Interbulk Group (logística), prefeitura e autoridade portuária de Roterdã, o maior porto da Europa, NEA (consultoria em transporte), RMG, grupo marítimo de Rotterdã, e Amsterdam Airport Schiphol, empresa do Schiphol Group, operadora de aeroportos.
Em entrevista a um grupo de jornalistas brasileiros antes do Carnaval, na sede do Ministério dos Transportes, em Haia, a capital administrativa da Holanda, Eurlings disse que um dos objetivos da viagem é estabelecer uma maior cooperação entre empresas dos dois países. A relação comercial bilateral já é importante. Em 2008, o Brasil exportou US$ 10,4 bilhões para a Holanda e importou US$ 1,47 bilhão, com saldo favorável de US$ 9 bilhões. O déficit não preocupa um país que exportou 368 bilhões de euros no ano passado, com importações de 332 bilhões de euros e saldo de 36 bilhões de euros.
Grande parte dos produtos brasileiros exportados para a Holanda é redistribuído para outros países da Europa. Os principais produtos exportados pelo Brasil para a Holanda, que tem o porto de Roterdã como porta de entrada no mercado europeu, são soja e seus derivados, produtos cítricos, alumínio, carnes, café, cacau, fumo, frutas frescas, couros, minério de ferro e de manganês, ferro nióbio, tubos flexíveis de ferro ou aço, madeira, óleos brutos de petróleo e produtos químicos. A Holanda tem fornecido ao Brasil óleo diesel, medicamentos, produtos químicos, fertilizantes, aparelhos médicos, dragas, batatas e máquinas.
Na visita, deve ser assinado um memorando na área de aeroportos (aviação) e será iniciado um projeto-piloto no desenvolvimento de portos de forma conjunta. Um dos protocolos sobre cooperação nas áreas de portos, transporte marítimo e logística inclui o desenvolvimento da navegação de interior e hidrovias, segmento no qual a Holanda tem muita experiência.
“Transportamos 40% de nossos produtos via navegação de interior”, diz Eurlings, que visitará o porto de Rio Grande e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde a Holanda desenvolve com os governos federal e estadual um plano para promoção do transporte por hidrovias. “O plano pode ser um modelo para outras regiões do país”, diz Wim Ruijgh, presidente da Amsterdam Seaports. (FG)