Toda empresa, por menor que seja, precisa ter definido quais são seus custos de produção para, assim, poder estabelecer o preço de venda de seu produto ou serviço.
Essa lógica também deve ser aplicada aos produtores rurais, independentemente do porte do negócio, pois, em um mercado tão competitivo quanto o da agricultura, conhecer os custos de produção de forma detalhada transformou-se num importante instrumento do processo de decisão, principalmente porque, neste mercado, a menos que se trate de um produto diferenciado, o preço é determinado pelo mercado, então, o aumento da margem de lucro depende muito de um eficiente controle dos custos.
No caso da cafeicultura, uma análise detalhada dos custos totais de produção permite que o cafeicultor visualize a distribuição dos seus custos desde o investimento no plantio (preparo de solo, aquisição de mudas), até a fase produtiva do café, que demanda correções de solo, aplicação de fertilizantes e defensivos (no caso de cultivos convencionais), até a colheita e pós colheita.
Entretanto, segundo o economista e agrônomo Rubens Blum, na obra ‘Agricultura Familiar’: Estudo preliminar da definição, classificação e problemática’, a maioria dos pequenos agricultores não faz controle e análise de custos e despesas, e nesse caso, não conhece as margens brutas, lucros e as relações custo/benefício. Desta forma, muitos agricultores apenas têm uma percepção de como está indo seu negócio, ou seja, percebem se estão ganhando menos ou apenas se mantendo na atividade, sem identificar onde é possível otimizar os recursos para prosperar na atividade.
Trataremos aqui especificamente do custo da colheita de café, no entanto, é importante que o produtor tenha o controle de todos os custos envolvidos no processo.
Como calcular os custos da colheita de café
A colheita é o processo que geralmente consome mais recursos durante o ciclo da cultura do café, representando de 25 a 35% do custo direto de produção. No entanto, a determinação do custo da colheita de café não é um fator calculado previamente, ou seja, na prática não existe uma fórmula matemática capaz de guiar o cafeicultor no desprendimento de recursos financeiros para tal operação. Este custo pode variar de acordo com a região e/ou tecnologia de colheita (manual ou mecanizada) ou ainda de algumas técnicas de cultivo, tais como cultivo adensado, o que pode promover maior ou menor produtividade das plantas, refletindo diretamente no custo da colheita do café.
Para gerenciar os custos da colheita de café, uma boa alternativa para o cafeicultor é o uso de softwares específicos para o setor. Com a ajuda dessas ferramentas, é possível visualizar de forma clara onde estão sendo empregados os recursos em cada etapa, bem como a margem de lucro.
Como reduzir os custos de colheita
Não existe uma fórmula mágica para reduzir os custos, porém, o cafeicultor tem a disposição muitas técnicas que são comprovadamente mais eficazes, ou seja, demandam menos tempo e recursos, sem abrir mão da qualidade. A colheita sempre foi o processo que demandou o maior emprego de mão de obra no ciclo produtivo do café e, devido a sua escassez em determinadas regiões e aos elevados encargos, se torna muito custosa. Por isso, muitos produtores apostam na mecanização deste processo, tornando-o mais ágil e mais barato. Em muitas fazendas este processo já está 100% mecanizado, porém, ainda é comum encontrar este processo sendo executado de forma manual, seja por questões financeiras ou geográficas.
O produtor que vive em áreas montanhosas fica impossibilitado de tornar o processo de colheita de café totalmente mecanizado, visto que o maquinário não é adaptado para este tipo de terreno, por isso, são obrigados a manter suas colheitas de forma manual ou semimecanizada, que é prática de intercalação de mão de obra e de máquinas, que possibilitam facilitar a execução das etapas desta operação com maior escala de produção em menor espaço de tempo e que podem ser empregadas na derriça dos frutos, no enleiramento e na secagem.
A adoção da colheita mecanizada tem surtido efeito na produção de cafés de qualidade superior, uma vez que os cafeicultores têm optado pela colheita mecanizada em duas passadas, onde se retira maior quantidade de frutos no estádio cereja. De modo geral, pode se dizer que a adoção desta técnica não eleva o percentual do custo de colheita, uma vez que o valor agregado também aumenta.
Cabe aos agricultores realizar estudos e verificar qual a combinação que deverá ser empregada em seu negócio, simulando as diversas alternativas de colheita que proporcionem vantagens, observando as condições e os recursos que lhe são oferecidos, para poder obter a melhor redução de custos e, consequentemente, maior lucro. Em regiões em que a mecanização não é possível e há pouca oferta de mão de obra, a semimecanização em todos os processos tem se mostrado a melhor alternativa.
Estudo divulgado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aponta que o sistema mecanizado é o que apresenta menor custo da colheita de café, representando uma redução de 23,8% em relação ao sistema manual e de 6,9% em relação ao sistema semimecanizado. Outro estudo divulgado pela mesma empresa aponta que o manejo da lavoura no sistema Safra Zero, no qual a colheita e a poda de esqueletamento são feitas simultaneamente também apresenta menor custo comparado ao sistema tradicional.
Estas informações fazem parte da realidade da sua fazenda? Compartilhe aqui nos comentários como você tem feito para calcular os custos da colheita de café, assim como as dificuldades que costumam surgir.
Por Blog M2Agro