Poluição beneficia os negócios na Rússia

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28 de dezembro de 2005 | Sem comentários Produção Sustentabilidade
Por: The New York Times por Andrew Kramer

MOSCOU – O monopólio da eletricidade russa é o maior produtor corporativo de gases-estufa do mundo, sendo responsável – sozinho – por quase metade do dióxido de carbono emitido pela Inglaterra.

Das chaminés de todos os 11 fusos-horários da Rússia, a empresa Inified Energy Systems emite 2% de todo o dióxido de carbono gerado pelo homem, o mesmo que está se acumulando na atmosfera.

Qual será a utilidade pública de se ser o maior poluidor de ar do mundo? A companhia espera receber US$ 1 bilhão por isso.

Este é um dos paradoxos do Protocolo de Kyoto sobre a mudança climática do qual empresas dentro da Rússia e outros países do Leste Europeu, que estão entre os maiores produtores de gases-estufa do mundo, estão prontas para receber milhares de milhões de dólares através da comercialização de seus direitos de lançar dióxido de carbono no ar.

O tratado de Kyoto, negociado em 1997 e adotado por 36 nações industriais, estabeleceu um mecanismo com a intenção de encontrar a forma mais barata de se frear as emissões de gases que contribuem para o aquecimento global. A idéia era a de que países que produzissem mais do que seus limites impostos pelo tratado pudessem alcançar suas metas comprando direitos de produtores em outros países onde o controle de emissão fosse mais fácil e menos caro.

Não se sabe quão bem-sucedida esta abordagem irá se revelar. Mas porque as empresas russas operam de forma tão inadequada e tão ineficiente no quesito equipamentos, elas podem facilmente e de forma mais barata se atualizar. Como resultado, o processo de Kyoto já emergiu como possível fonte de lucros para as grandes empresas de energia e produção do país, de acordo com diretores das empresas e analistas. Elas contrataram consultores, prepararam um inventário sobre fontes de poluição para adquirir créditos e distribuições abertas de comércio de carvão.

A Unified Energy e a Gazprom, monopólio de gás natural da Rússia, que juntas são responsáveis por mais de 50% das emissões de gases-estufa no país, possuem tais unidades de comercialização.

O protocolo exige que as 36 nação industriais – com metas que variam – reduzam suas emissões de gases a uma taxa inferior à que apresentavam em 1990 durante os cinco anos que vão de 2008 a 2012.

Para a União Européia, a meta é reduzir as emissões em 8% em relação aos níveis de 1990. Como exemplo de quão forte pode ser a demanda para créditos de emissões, neste ano a União Européia está 6% acima dos níveis de 1990. A Rússia, em contraposição, sofreu um colapso econômico em 1990, e está 43% abaixo de seu limite dentro do acordo de Kyoto. Na verdade, a Rússia não espera alcançar os níveis de emissão de 1990 até 2020.

Ao mesmo tempo, a indústria russa normalmente esbanja energia, tanto que há poucas atualizações de aprimoramento para a redução de emissões. Por isso, com equipamentos antiquados e um excedente de emissões de carbono, empresas russas se tornaram atrativas a empresas européias, canadenses e japonesas que necessitam de créditos para emissões.

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