Desenvolver blends de café para ganhar mercado e agregar valor ao produto será um dos objetivos do Plano de Negócios do Pólo de Excelência do café, que será implantado na terça-feira, na Universidade Federal de Lavras (Ufla). De acordo com o gerente executivo do Pólo de Excelência do café, Ednaldo José Abrahão, a implantação do plano terá impactos importantes para toda a cadeia produtiva do segmento. “Minas já lidera a produção de café, agora precisamos aprender a agregar valor utilizando a ciência, a tecnologia e a inovação como estratégias”, ressalta.
Abrahão observa que, na agregação de valor, a formação de blends – que é a combinação de grãos de diferentes regiões produtoras – é uma necessidade. “O mundo não toma café puro, por isso precisamos importar grãos de outras regiões produtoras para fazer o que a Alemanha faz”, ressalta. O país europeu não produz café, mas importa grãos do mundo inteiro e faz blends utilizando modernas tecnologias. Ou seja, a Alemanha é hoje o país que mais ganha dinheiro com o café, apesar de não produzir nenhum grão, mas dominar essa “receita” de beneficiamento, capaz de agradar ao paladar dos consumidores mais exigentes.
Os projetos estruturantes trazidos pelo plano, segundo ele, começam pela criação de um Centro de Apoio ao Empreendedor Inovador, que será instalado na Ufla, e a criação de um Parque Tecnológico do café, a ser instalado em Varginha, cujo gerenciamento será feito pela Embrapa café. Abrahão analisa que há a necessidade de um alinhamento estratégico na cadeia do café, considerada dispersa.
A estimativa científica de safra também precisa ser aperfeiçoada com um trabalho em que será utilizado geoprocessamento e uma integração maior entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio de órgãos como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG); Empresa de Pesquisas Agropecuárias de Minas Gerais (Epamig) e Ufla.
Derivam do Plano de Negócios a Agência de Referência e Desenvolvimento do café e o Centro de Informação de Mercado, ambos instalados dentro do Centro de Inteligência do café. Este último projeto estruturante está ligado à capacitação de recursos humanos com a criação de MBA Coffee Business e outros cursos de pós-graduação lato sensu voltados para a formação de especialistas em geoprocessamento; comercialização via mercado futuro e certificação.
O secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Alberto Duque Portugal, enfatizou, já durante a criação do Pólo de Excelência do café, que Minas busca a integração das diversas áreas que envolvem o setor cafeeiro, desde o fortalecimento da pesquisa à capacitação de recursos humanos, com foco em negócios. O Pólo deverá funcionar como articulador de universidades, centros de pesquisas e empresários. “Minas é líder nacional na produção de café, concentra grande parte da inteligência do setor, mas quer consolidar essa liderança e se tornar referência nacional e internacional. Para isso, precisamos unir todo o nosso potencial”, comenta Abrahão.
Minas Gerais é o maior produtor brasileiro de café, com uma safra estimada para 2008 de 22 milhões de sacas, o que significa 50% da produção nacional e 20% da produção mundial. Toda a cadeia produtiva do café emprega direta e indiretamente cerca de 2 milhões de pessoas no estado, sendo 440 mil empregos diretos. A atividade está presente em 150 mil propriedades mineiras, a maioria de pequenos produtores. As informações são do jornal Hoje em Dia.