TIPOS DE PODA
DECOTE
É realizada na metade superior da planta, varia desde 1,20 m até 2,0 m. Em plantas de porte alto, de variedades como Mundo Novo, Acaiá, Bourbon e Icatu, é realizada a uma altura de 1,50 m a 2,0 m. Nas plantas de porte baixo, como as variedades Catuaí e IAPAR 59, o corte do tronco é realizado na parte média da planta, em alturas de 1,2 m a 1,60m.
As podas mais altas proporcionam maior produtividade e menor dano provocado por geadas de fraca intensidade, quando comparadas com as podas mais baixas. Entretanto, aumentam a dificuldade para podar e desbrotar e dificultam a poda seguinte, que deverá ser realizada no tronco velho.
Aplicado a cada quatro ou cinco anos, o decote é a poda mais adequada para a maioria das lavouras cafeeiras do Brasil. É indicado para lavouras que não perderam a saia (ramos da parte baixa da planta). Revigora os ramos da base forçando seu crescimento e ramificação e mantém a planta com altura mais adequada para colheita.
RECEPA
É o corte do tronco da planta em altura inferior a 0,80m, mas geralmente é realizada entre 40 a 60 cm acima da superfície do terreno.
Nos casos de plantas que não perderam a saia, pode-se deixar 1 ou 2 ramos laterais no tronco, chamados “ramos pulmões”, que contribuem para um melhor desenvolvimento da brotação nova e para melhores produções nos primeiros anos.
Devido à redução do porte da planta, os cafeeiros recepados são mais afetados por geadas que eventualmente venham ocorrer no ano seguinte, em relação às plantas decotadas ou esqueletadas. A recepa promove a renovação de toda a copa do cafeeiro. É indicada para cafeeiros que perderam a saia, lavouras afetadas por geadas e para lavouras superadensadas.
ESQUELETAMENTO
É o corte dos ramos laterais a uma distância de 20 a 30 cm do tronco do cafeeiro. Nesta poda aproveita-se também para fazer um decote cortando-se o tronco a uma altura superior a 1,20 m.
A manutenção de um a dois ramos laterais na base da planta, “ramos pulmões”, contribui para aumentar a produtividade nos primeiros anos após a poda.
O esqueletamento é indicado para lavouras adensadas e superadensadas. Ela diminui o diâmetro da copa do cafeeiro, renova os ramos laterais. Os cafeeiros esqueletados recompõem mais rapidamente a copa e são menos afetados pelas geadas moderadas do que os cafeeiros recepados.
SISTEMAS DE PODA
PODA POR PLANTA
Este sistema consiste em aplicar poda apenas nas plantas que apresentarem ramos secos e não produzirão no ano seguinte. As plantas boas permanecem intactas e serão podadas futuramente, se for necessário. Nas lavouras superadensadas a poda por planta é aplicada todos os anos, desde a primeira colheita. Pode haver combinação de vários tipos de poda (decote, recepa e esqueletamento), dependendo do estado do cafeeiro.
PODA DE LIMPEZA
É uma poda de condução realizada para dar forma e melhorar o aspecto da planta. É um sistema de poda por planta. Consiste em retirar todos os troncos e ramos improdutivos, com pouca ramificação, secos ou doentes. Neste tipo de poda apenas alguns troncos ou parte dos troncos são podados, não existindo altura definida de corte. Este tipo de poda é realizado anualmente. Até o inicio dos anos 60 era uma das únicas podas adotada nas lavouras brasileiras.
PODA POR TALHÃO
Todas as plantas do talhão são podadas no mesmo ano. Geralmente utiliza-se apenas um tipo de poda (decote, recepa ou esqueletamento).
Decote ou esqueletamento por talhão
As podas do tipo Decote e esqueletamento podem ser aplicadas em todas as plantas do talhão, no mesmo ano, do seguinte modo:
Recepa por talhão
A recepa em plantas normais, sem dano por geada ou outro fator, deve ser aplicada apenas em parte do talhão, nas regiões mais sujeitas à geadas, para evitar dano às plantas no anos seguinte. É realizada da seguinte maneira:
PODA POR LINHA
É um sistema em que as linhas são podadas em anos diferentes. Pode haver combinação de vários tipos de poda. Existem várias formas de podas por linhas, conforme será apresentados a seguir:
Poda em linhas alternadas
Poda-se uma linha e deixa a outra para podar após um ano de grande produção, e assim por diante; ou poda-se uma linha e deixa a outra para podar no ano seguinte, e assim por diante
Poda BF
Recebeu esta denominação BF em homenagem aos pesquisadores Bouharmount e Fukunaga, que desenvolveram esta prática no Hawai. Pode ser realizada em ciclos de três, quatro ou cinco anos.
No caso de ciclo de três anos, numeram-se todas as linhas em uma seqüência de um até três. Exemplo: 1 2 3 1 2 3 1 2 3… Podam-se em um ano todas as linhas com número um. No ano seguinte todas as linhas com número dois. No terceiro ano as de número três. Inicia um novo ciclo de poda nas linhas com número um, e assim por diante nos anos seguintes.
No caso de ciclos de quatro anos, enumera-se as linhas de um até quatro. Podam-se as linhas número um. No ano seguinte as de número três. No outro ano as de número dois. No próximo ano as de número quatro. Reinicia um novo ciclo podando as linhas número um.
PODA NAS LAVOURAS TRADICIONAIS
PLANTAS COM SAIA NORMAL
Decote
O decote aplicado em todo o talhão é a poda mais indicada para as lavouras que apresentam plantas com formação adequada de saia. Quando realizada a cada 4 ou 5 anos, evita a perda de saia e o fechamento da lavoura, mantendo por muitos anos os cafeeiros dentro do padrão estabelecida para a lavoura
Poda de limpeza
Juntamente com o decote, realiza-se a poda de limpeza. A lavoura tradicional é a que mais exige o uso da poda de limpeza. Até o inicio dos anos 60, esta era a poda mais usada no Brasil. A operação da poda de limpeza neste tipo de lavoura é realizada da seguinte forma:
Esqueletamento
A poda de esqueletamento não deve ser usada em lavouras tradicionais. Estas lavouras geralmente são velhas e apresentam poucos ramos laterais primários (ramos produtivos que saem direto do tronco). Toda a saia existente resulta da ramificação desses ramos primários e portanto, cortá-los seria repetir toda a operação.
Recepa
Não deve ser usada neste tipo de lavoura, a não ser no caso de geadas e para corrigir problemas específicos, como perda de ramos da saia provocado pelo envassouramento (plantas com excesso de brotos).
CAFEEIROS ENVASSOURADOS
A planta apresenta excesso de troncos, é desprovida de ramos da saia e os ponteiros se inclinam para o centro da rua. São conhecidas como plantas envassouradas. Este problema geralmente ocorre quando, após geada ou recepa, as plantas são conduzidas sem desbrota.
TRONCOS CENTRAIS COM POUCOS RAMOS
Algumas plantas geralmente apresentam aspecto externo normal, mas os troncos no centro da cova apresentam quatro ou cinco ramos localizados apenas na parte superior. Ao fazer o decote, restarão alguns ramos localizados na parte superior do tronco.
COVAS COM UM DOS LADOS SEM SAIA
Esse é o problema mais comum. Devido a ataque de pragas e doenças, excesso de produção e desequilíbrio nutricional, as plantas perdem ramos laterais da base do tronco em um dos lados da cova.
PODA EM LAVOURAS MECANIZADAS
Tanto para o sistema com duas plantas por cova como para o sistema em renque, os tipos de poda adotados são os mesmos. A diferença está apenas na desbrota e na perda de saia, que é maior no renque e, por este, motivo deve-se ter o cuidado de não deixar passar do ponto de poda. As plantas em renque crescem mais em altura.
O tipo de poda mais adequado é o decote, que mantém os cafeeiros de acordo com o padrão estabelecido para a lavoura
Os sistemas mais adequados são o de poda por talhão e o de poda por planta. Nas lavouras com 2 plantas por cova, deixe 2 brotos por tronco. Nas lavouras em renque com uma planta por cova, deixe 1 broto por tronco.
PODA EM CAFEZAIS ADENSADOS
As lavouras adensadas são planejadas para ser conduzidas com podas leves, do tipo decote, esqueletamento ou esqueletamento parcial, a cada quatro a cinco colheitas. A recepa é realizada apenas nos casos de geadas severas. Os tipos de poda indicados são: decote, esqueletamento, esqueletamento em apenas um lado da planta em um ano de grande safra e esqueletamento do outro lado, quando ocorrer novamente outra grande colheita e, finalmente, recepa, em casos de danos severos causados por geadas ou granizo.
Número de brotos a ser conduzidos por planta:
a) Lavoura com duas plantas por cova
Conduzir um broto em cada tronco, dando um total de dois brotos por cova. Caso tenha morrido uma planta, deixar dois brotos no tronco da planta viva, de forma a manter dois brotos na cova.
b) Lavoura com uma planta por cova
Manter um broto por planta.
PODA EM LAVOURAS SUPERADENSADAS
Em lavouras superadensadas, as podas são mais drásticas e aplicadas de forma sistemática, independentemente da ocorrência da geadas. São lavouras preparadas para receber podas, visto possuírem 8.000 a 12.000 plantas por hectare, dependendo da variedade e da região, com o que se obtém rápida recuperação da produtividade após as podas. Em populações de 5.000 plantas por hectare, a recuperação da produtividade é lenta após a recepa, sendo preferível, neste caso, optar pelo esqueletamento. Os tipos de podas utilizados são o esqueletamento e a recepa. O sistemas de podas são:
1) poda por talhão, tanto para recepa como para esqueletamento,
2) poda por planta, no caso do esqueletamento.
3) poda por linha (Alternadas ou BF). Nos sistemas superadensados, deve-se manter sempre um broto por tronco em todos os casos.
Esqueletamento por Planta
Realizada anualmente apenas nas plantas que não produzirão satisfatoriamente no ano seguinte, em plantas com excesso de produção e nas plantas com ramos laterais secos. É aplicada desde a primeira produção. O cafezal fica com altura irregular. É um sistema adequado para as condições onde ocorrem geadas com mais freqüência.
Recepa por talhão
O plantio é realizado de forma parcelada, de modo que a cada ano é plantado uma parte do talhão. Fazer a poda no lote que completar um total de quatro a cinco colheitas, conduzindo um broto por planta.
Podas por linhas
Podem ser aplicadas em lavouras super adensadas. É um sistema usado em pequena escala em alguns países cafeeiros, nos casos de falta de mão-de-obra especializada e em grandes lavouras. Tem a desvantagem de poder ocorrer a poda de plantas boas em uma linha que está sendo trabalhada, ficando sem podar plantas que não produzirão no ano seguinte, por estar em linha não eleita para ser podada.
A recepa é o tipo de poda mais adequado para sistemas de podas por linha na lavouras superadensadas. Pode ser realizada em linhas alternadas ou no sistema BF, em ciclos de três, quatro ou cinco anos.
PODA EM LAVOURAS AFETADAS POR GEADAS
É muito importante avaliar a intensidade dos danos, para evitar cortar além do que a geada danificou. A brotação do tronco e ramos é um bom indicador para identificar a parte sadia.
Independentemente dos danos sofridos pelos cafeeiros, deve-se colher o mais rápido possível (lavouras com produção), para não perder qualidade do produto e fazer a esparramação dos cordões (lavouras que receberam arruação antes da colheita).
Os melhores resultados são obtidos quando a poda é realizada 60 a 120 dias após as geadas. Deve-se esperar as primeiras chuvas (agosto a outubro), quando as plantas iniciam a brotação e dão indicação mais real do dano e do ponto a ser cortado.
Danos severíssimos
Ocorre a morte dos ramos, das folhas e da maior parte do tronco do cafeeiro. São causados por geadas que afetam todas as regiões cafeeiras do Brasil, e têm freqüência aproximada de uma em cada 30 anos. A recepa é o tipo de poda predominante, tanto no sistema de poda por talhão como em poda por linha.
Danos severos
Os cafeeiros apresentam danos parciais ou totais nas folhas e ramos em diferentes intensidades, dependendo da localização da lavoura na propriedade. Pode ocorrer a morte de grande parte do tronco, nos caso de lavouras localizadas nas baixadas ou de lavouras com plantas desfolhadas e com deficiências nutricionais. A produção do ano seguinte é afetada parcialmente ou totalmente. As geadas que ocasionam este tipo de dano ocorre com freqüência aproximada de uma em cada seis anos. Podem haver casos que dispensam a poda até situações que necessitam de um tipo de poda mais drástica, como a recepa. Os sistemas de podas são: poda por planta e poda por talhão.
Danos moderados
Os cafeeiros apresentam danos superficiais na copa, com queima de folhas e de pontas de alguns ramos. Os danos ocorrem nas lavouras localizadas nas partes mais baixas da propriedade. Causa pouco efeito sobre a produção. Não podar, faça apenas a desbrota. Colher o café o mais rápido possível.
Geada de canela
A geada de canela ocorre em plantas sem saia, geralmente lavouras com até três anos de idade. É causada pelo resfriamento e movimentação descendente da camada de ar próxima à superfície do solo. Quando essa massa de ar apresenta temperatura em torno de -2o C, provoca lesões e morte da casca do caule do cafeeiro, na parte em contato com a massa de ar frio. Os danos da geada aparecem dois a três meses depois. As folhas amarelecem e caem e os ramos secam. Ocorre um super brotamento em todas as partes da planta. O tipo de poda indicado é a recepa, no sistema de poda por planta.
PODA NAS LAVOURAS AFETADAS POR GRANIZO
Dependendo da duração e intensidade da chuva de granizo e da velocidade do vento, pode ocorrer danos apenas nas folhas e ramos ou danos também no caule. Geralmente um dos lados da planta é mais afetado do que o outro. Vários tipos de poda, dependendo da situação (esqueletamento; esqueletamento no lado mais afetado; decote e recepa). Nos cafeeiros com dano no tronco a melhor opção é a recepa. O sistema de poda é o de poda por planta.
O granizo provoca desfolha nas plantas, causando o super e mesmo os cafeeiros com danos apenas nas folhas podem apresentar grande quantidade de brotos.
PLANTAS DEPAUPERADAS
São lavouras que apresentam plantas com deficiências nutricionais acentuadas, terço superior do tronco sem ramos laterais, “Pescoço de galinha” e às vezes com quantidade de brotos acima do padrão para o espaçamento adotado. Esse tipo de lavouras respondem muito pouco à poda. É o caso por exemplo de lavouras afetadas por nematóides. Devem ser apenas desbrotas e adubada adequadamente.