Entidades realizaram workshop sobre a ferramenta para 100 profissionais, das mais de 40 empresas exportadoras de café, que aderiram ao projeto
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e a Serasa Experian realizaram, ontem, 22 de janeiro, de forma híbrida, com os participantes presenciais em São Paulo (SP), um workshop sobre a Plataforma de Rastreabilidade Cafés do Brasil, desenvolvida em conjunto pelas entidades para servir de base para que empresas exportadoras tenham subsídios para comprovar que os cafés que embarcam atendem ao Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR, em inglês).
Voltado aos associados do Conselho que aderiram à ferramenta, o evento trouxe explicações do professor Bernardo Rudorff e Joel Risso, do corpo de profissionais da Serasa Experian, sobre a lei antidesmatamento e a plataforma, apresentando seus principais recursos, dados disponibilizados e como funciona, atualmente, a análise de desmatamentos associados ao Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Também foram tratados os gargalos atuais de dados para o cumprimento das regras do EUDR, as limitações dos números disponíveis de desmatamento (PRODES e MapBiomas Alertas) e os dados recentes disponibilizados pelo Joint Research Centre (JRC) da Comissão Europeia, além dos cases da base de imóveis do Cecafé e dos dados que precisam ser produzidos com mais acurácia relacionados ao parque cafeeiro.
Para tanto, demonstrou-se a importância estratégica do mapeamento do parque cafeeiro, conforme já se observa em outras culturas, como soja, milho e algodão, por exemplo. Segundo o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, o mapeamento permitirá o refinamento da análise da conformidade socioambiental, reforçando as mensagens de sustentabilidade na ocupação e evolução de todo o cinturão produtor de café.
Somada a isso, ele reforça que a visão setorial do café brasileiro aprimorará as relações de confiança e engajamento com importadores, organizações europeias de café, Comissão Europeia, Agência da União Europeia para o Programa Espacial (EUSPA), entre outros.
“Temos ouvido alguns equívocos a respeito de nossa plataforma, inclusive de agentes da cadeia produtiva, os quais nada agregam à imagem ou mesmo ao agronegócio cafés do Brasil como um todo. Quem está inserido na iniciativa de nossa ferramenta pôde absorver mais conhecimento através das informações institucionais que transmitimos e das técnicas, do lado operacional, que a Serasa Experian passou no workshop. É claro e notório que o propósito único da Plataforma de Rastreabilidade Cafés do Brasil é garantir que o exportador e os importadores tenham certeza de que o produto que comercializam atende aos critérios do EUDR, com o reconhecimento da conformidade socioambiental do café brasileiro”, afirma o diretor.
A reunião contou com 100 participantes, representando 41 exportadores membros do Conselho. “Esses associados que integram nossa plataforma são responsáveis por aproximadamente 90% dos embarques de café do Brasil para a União Europeia e 41% das exportações totais realizadas pelo país. É um grupo representativo e que apoia totalmente nossa ferramenta, a qual entendem como o melhor caminho existente, até o momento, para cumprir o regulamento da UE, que entrará em vigor em 1º de janeiro de 2024”, conta.
No que tange à entrada em vigência do EUDR, Matos alerta que os europeus têm dado sinais que não deverão ceder em relação a data e legislação. “Há debates políticos para eventual ampliação de prazos, períodos de transição e classificação de risco ‘neutra’ a todos os países no efetivo processo de implantação das novas regras. A despeito disso, lembrando que a UE foi responsável pela importação de 42% de nossos cafés em 2023, estamos atuando proativamente, em contato permanente com importadores e reguladores, para que o país atenda aos requisitos e para que a sustentabilidade do café brasileiro seja reconhecida e valorizada neste mercado tão relevante”, explica.
A Plataforma de Rastreabilidade Cafés do Brasil utiliza dados de geolocalização dos cafeicultores, reforçando o objetivo de democratizar informação e proporcionar um cenário de maior transparência ao setor, impulsionando a reputação do café brasileiro, principalmente, para os exportadores da cultura.
“Hoje, a plataforma personalizada e disponível aos associados, com base em soluções de sensoriamento remoto, coleta e cruza dados relevantes sobre critérios ESG, permitem análises dinâmicas e assertivas em diversos aspectos, como níveis de conservação florestal, cultivo agrícola e alertas de desmatamento nas regiões produtoras, garantindo a rastreabilidade do produto ao longo de toda a cadeia produtiva”, explica o diretor-geral do Cecafé.
De acordo com ele, para gerenciar riscos de maneira eficaz, a ferramenta também permite o monitoramento diário da conformidade socioambiental das áreas de produção, oferecendo, aos exportadores que aderiram à plataforma, atualizações em tempo real e, consequentemente, a emissão de alertas em resposta a alterações nas responsabilidades socioambientais.
Matos finaliza recordando que a ferramenta é auditável, possibilitando aos usuários a personalização dos protocolos, conforme suas necessidades, para atender aos rigorosos requisitos das leis e padrões de conformidade de empresas globais que compram o café brasileiro.
“A possibilidade de personalização da plataforma disponibilizada pela Serasa Experian para os exportadores associados ao Cecafé que aderiram à iniciativa, é fundamental, uma vez que viabiliza alinhamento com as diferentes diretrizes de conformidade social e ambiental definidas por empresas, governos e outras partes interessadas em todo o mundo”, conclui.
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