Plantio de transgênicos pode reduzir dependência chinesa de importações

DCI
29/01/15


Ásia possui a maior oportunidade de crescimento em plantações geneticamente modificadas, demais países devem ter ganhos moderados no curto prazo; Brasil perde só para os EUA em área


São Paulo – Em 2014, Estados Unidos e Brasil responderam por mais de 60% das áreas globais com culturas geneticamente modificadas. Projeções apontam para a Ásia como o maior potencial de expansão em transgênicos – 60 milhões de hectares – o que pode tornar a China menos dependente das importações em longo prazo.


De acordo com o levantamento do Serviço Internacional para Aquisição e Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), divulgado ontem, os chineses podem aumentar em 35 milhões de hectares o cultivo de milho transgênico.


“A China está investindo em transgenia e entendemos que eles devem usar a biotecnologia para expandir a produção. Como existe uma grande preocupação em relação a segurança alimentar no país, se os chineses forem bem sucedidos nessa busca, deve haver uma redução na dependência das importações, apesar disso não representar autossuficiência”, explica o diretor do ISAAA no Brasil, Anderson Galvão.


No ano passado as importações chinesas lideraram o ranking nos embarques do agronegócio, somando US$ 22,07 bilhões. Segundo dados do Ministério da Agricultura, só o complexo soja atingiu US$ 17,01 bilhões, sendo que US$ 16,62 bilhões foram do produto em grãos. Sendo assim, uma queda nas compras teria impacto significativo aos resultados das exportações nacionais.


“Agora a China deve apostar na produção de alimentos com maior valor agregado” diz.


Para o especialista, como o uso de transgênicos já atingiu um alto nível nos principais países que utilizam a biotecnologia, a tendência é que o avanço em escala global seja moderado. No Brasil, por exemplo, 93,2% da área plantada com soja é com sementes geneticamente modificadas.


No Brasil


O presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), José Américo Pierre Rodrigues, afirmou ao DCI que as expectativas para o desenvolvimento de biotecnologia agrícola no País são as melhores, em vista do atual crescimento na produção das commodities. “Nosso País possui uma legislação moderna, que regula toda a pesquisa com organismos geneticamente modificados. Grande parte da produção brasileira exportada constitui-se de grãos oriundos de sementes transgênicas, em razão dos benefícios que as tecnologias têm trazido”, enfatiza o executivo.


Galvão lembra que a safra 2015/2016 promete inovação em uma variedade específica de feijão, que atende a necessidades exclusivas do Brasil. Desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o grão foi aprovado em meados de 2011, mas ainda não teve a comercialização iniciada.


“O caso do feijão mostra a capacidade que a Embrapa tem de desenvolver pesquisa sobre transgênicos. Outros produtos estão nos laboratórios e tratam de problemas brasileiros”, ressalta Galvão. Além da soja, o milho e o algodão são as culturas que utilizam transgenia no País.


Entrave


Na última semana, o presidente da Abrasem se reuniu com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, para solicitar maior atuação da pasta no rompimento de resistência a importações de transgênicos, em especial com os chineses.


“A China é um mercado prioritário para as nossas commodities, por isso pedimos que a o governo tente encontrar algum mecanismo para atingir alguma proximidade na aprovação de novas biotecnologias no Brasil e na China”, disse Rodrigues à imprensa após o encontro. Sem a aprovação do governo chinês, produtores tendem a não plantar novas variedades de grãos, mesmo que aprovadas nacionalmente.

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