fonte: Cepea

Pivô central: a Ferrari da irrigação

Pesquisador da área de cafeicultura, Dr. André Luiz Teixeira Fernandes, compara tecnologia dos pivôs centrais à tecnologia da famosa marca mundial de veículos, Ferrari.

O setor agrícola brasileiro evoluiu muito nos últimos anos e parte desta evolução tem ligação direta com o avanço e adaptação das tecnologias usadas no campo. O pesquisador Dr. André Luiz Teixeira Fernandes (UNIUBE/FAZU) é um dos principais defensores do uso das tecnologias de irrigação na cafeicultura, especialmente do pivô central. “É um dos sistemas que mais defendemos na área de tecnologia, pois tem uma série de vantagens. Ao contrário do que dizem este sistema não é “vilão de consumo de água” e isso podemos perceber através da cafeicultura. O café conseguiu transformar o pivô em uma mistura de sistema de aspersão localizada com irrigação localizada, pois no café não é necessário irrigar a área total, apenas aonde tem pé de café. Com isso, conseguimos uma economia fantástica de água”, afirma Fernandes.


O pesquisador lembra que nos últimos 13 anos muitos foram os avanços em todos os métodos de irrigação.  “O pivô convencional aplicava água em uma área total. Entre 2001 e 2002, começaram a surgir os pivôs chamados “localizados”, que são aqueles com emissores leba. E isso revolucionou a cafeicultura empresarial, principalmente, nas novas fronteiras cafeeiras, Nordeste de Minas Gerais, Norte de Minas, região perto de Brasília e Bahia. Houve uma melhoria significativa da irrigação por pivô no café, barateando muito o sistema de produção, e de uma forma muito mais sustentável. Já com o pivô com emissões localizadas, conseguimos uma economia de água a partir de 40% a menos quando comparado ao convencional. Isso foi importante até mesmo para os órgãos ambientais, na hora de conceder outorga de água, porque são tecnologias que economizam água e isto é o que o mundo precisa. Atualmente, tanto no pivô localizado quanto no sistema por gotejamento chegamos perto da perfeição”, explica.


Outra vantagem do pivô central citada pelo Dr. André Fernandes é sua versatilidade. “Conseguimos aplicar tudo via pivô central. É como se fosse um tratorzão no meio de uma lavoura. Eu jogo macro nutriente, micro nutriente, adubo orgânico se julgar necessário, hormônios vegetais, faço correção no solo, posso jogar inseticidas e fungicidas. Então se o meu pivô está jogando água, ele pode levar com a água uma série de produtos para fazer um controle sanitário e nutricional do meu cafeeiro. Com isso eu economizo, na minha aplicação. O meu funcionário é protegido, pois não tem o controle direto com o produto que ele está aplicado, porque o pivô faz o trabalho para ele. Além de tudo isso, minimiza as passadas de tratores dentro da minha lavoura. Conseguimos de 8 a 10 passadas de trator a menos por ano. Com isso, o estrago da planta é menor, assim como a compactação do solo e uma série de outras vantagens”, sintetiza.


Para André Fernandes, o aumento da porcentagem irrigada (que passou de 5 mil para quase 270 mil entre os anos de 1996 e 2012) é a principal contribuição da irrigação para o setor cafeeiro. “É uma tecnologia que veio para ficar e o café é uma das culturas em que obtivemos melhor resposta com a irrigação, até mesmo em estados que eram tradicionais para café, como a região do Sul de Minas (maior parque cafeeiro do mundo com 700 mil hectares de café). Existem pesquisas nessas regiões cafeeiras do sul de Minas, que comprovam que a irrigação promove aumento de 50% na produtividade. Então, mesmo em áreas tradicionais, a irrigação é um sucesso tremendo. Já na região do Triângulo Mineiro o aumento de produtividade com irrigação chega a 100%”, informa o pesquisador.


Atualmente, apenas 10% da área destinada à cafeicultura é irrigada no Brasil. Porém, esta área é responsável pela produção de 30% de café nacional. “Podemos dizer que a irrigação de café, assim como em outras culturas, é uma forma de preservação ambiental. Porque é possível produzir em 25 a 30% da área irrigada, a mesma coisa que eu produziria em sequeiro. Isto é preservação ambiental, pois dessa forma não é necessário aumentar a área de produção para obter ganhos de produtividade”, lembra Fernandes.


Apesar dos avanços, André Fernandes ressalta que muito precisa ser feito em termos de manejo de irrigação, em especial quanto ao uso racional da água e da energia na irrigação do cafeeiro. “O cafeicultor precisa entender que a irrigação não vai resolver todos os problemas dele. Ela é uma tecnologia de ponta, mais todos os outros tratos precisam ser cumpridos. A irrigação veio para ajudar o produtor com uma técnica que vai minimizar seus riscos”, conclui ele.

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