Pioneiro faz 80 anos

Antenor Sanches, presidente da Associação dos Pioneiros, faz aniversário hoje e ainda comemora seus 60 anos de Maringá. Ele é testemunha de fatos históricosWalter Fernandes

4/10/06

Sanches foi quem criou o apelido Cidade Canção e ainda fez o tombamento de duas igrejas de MaringáRachel Coelho
Um pioneiro importante para a história da Maringá completa hoje 80 anos: Antenor Sanches. Em novembro, ele comemora 60 anos vividos em Maringá. Nascido em Santa Catarina, Sanches tinha uma pequena livraria quando foi convidado a conhecer o norte do Paraná. Um amigo (que depois viria a ser seu cunhado), era corretor da Companhia de Terras Norte do Paraná e estava sempre procurando possíveis compradores de lotes para colonizar a região. Mesmo com os avisos do pai (“aquilo não é cidade, é um patrimônio no meio do mato”), ele partiu rumo ao desconhecido. Era época de Natal e, graças a um pinheiro (que se tornaria um futuro adorno natalino),conheceu Dona Lucrecia, com quem casou e teve seis filhos (depois 10 netos).

“As pessoas de hoje não acreditam que Maringá foi uma boca do sertão. Para os pioneiros, isso é um sonho que se tornou realidade. A gente só não imaginava que seria tão rápido. Hoje me considero realizado”, diz. Ele relembra, com carinho, a mata fechada, o palmito e os bichos; a importância do café para o progresso da cidade e o papel das mulheres: “elas foram verdadeiras heroínas, porque acompanharam seus maridos, moraram em ranchos, com filhos e enfrentaram uma situação difícil, sem conforto, escola e condições de saúde”.

Sanches revela ter sido o criador do apelido Cidade Canção. “Na primeira administração do João Paulino, chegou uma carta de uma estudante mineira pedindo mais dados sobre a cidade que nasceu de uma canção. Maringá era conhecida como cidade menina, mas já estava ganhando idade. Eu era secretário de administração e tinha um programa no rádio, então fiz uma campanha para mudar o nome, inspirado pela carta”, conta. Era 1962. Além disso, ele acredita ter feito mais pela cidade: foi vereador em sete legislaturas e as primeiras igrejas da cidade, São Bonifácio e Santa Cruz, foram tombadas e restauradas por leis de sua autoria. Tem três livros publicados e tem um programa na TV (toda quarta, às 11h, na TV Comunitária) e criou a Associação dos Pioneiros, que preside. Hoje são mais de 3.500 cadastrados. “Nós passamos, mas o que a gente escreve, fica”, diz