11/11/2006 12:11:05 –
PIB do setor encolheu
O agronegócio total decresceu 0,95% até julho de 2006. O segmento primário (da porteira para dentro) caiu 2,25% com o que o segmento de insumos foi bastante atingido, diminuindo 2,63%. Projeta-se assim que o PIB total do agronegócio fique em R$ 529 bilhões este ano, uma queda de 1,54% em relação ao ano passado (cerca de R$8,3 bilhões).
O PIB do agronegócio da pecuária encolheu 3,33% até julho. Essa perda distribuiu-se entre seus diversos segmentos quase que homogeneamente. No segmento primário a queda na pecuária nos primeiros 7 meses foi de 3,29%. O segmento de insumos para pecuária caiu 2,59%; a indústria teve retração de 3,39% e a distribuição de 3,65%. A queda até julho pode ser atribuída à forte redução de preços reais de produtos da pecuária (carnes bovina, suína e de aves, além de leite e ovos).
Nos meses mais recentes, essa tendência de preços ainda não captada no cálculo do PIB vem sendo revertida, podendo suavizar as previsão de perda para o agronegócio da pecuária, que atualmente projeta-se para 5,6% no ano de 2006.
O agronegócio da agricultura praticamente não saiu do lugar: cresceu apenas 0,06% até julho. Para 2006, prevê-se um crescimento de apenas 1%. No entanto, o segmento primário caiu 1,43% nos primeiro 7 meses. A previsão é de queda de 2,45% no ano todo. Tanto o volume produzido quanto os preços contribuíram para esse resultado negativo. Algodão, amendoim, arroz, cacau, mamona, soja, trigo e uva tiveram quedas significativas de receita. Ganhos expressivos de receita só ocorreram no pequeno grupo formado por cana-de-açúcar, feijão, fumo, laranja e sisal. O setor de insumos para a agricultura encolheu 2,66% até julho. A indústria e a distribuição cresceram modestamente: 0,93% e 0,63%.
O dados ora divulgados retratam a situação do agronegócio até julho de 2006. Refletem, por um lado, expressivas quebras de safra para diversas lavouras e, por outro, quedas acentuadas de preços para a grande maioria destas. Os produtos da pecuária também tiveram quedas marcantes de preços. O subsetor de pecuária foi que mais sofreu com o desempenho fraco do agronegócio. O segmento de insumos em geral foi também fortemente atingido.
As reduções quase generalizadas de preços são explicadas em grande medida pela taxa de câmbio, com o dólar situado em seu patamar mais baixo desde que o mercado cambial foi flexibilizado em 1999. O crescimento pífio da economia brasileira e, em conseqüência, do mercado interno também limitou a recuperação de preços.
A partir do segundo semestre, os preços de vários produtos agropecuários passaram a se recuperar. Soja, milho, café, laranja e boi gordo incluem-se nessa lista. Com isso, além de uma melhora no PIB das cadeias produtivas dessas commodities, afigura-se novo alento aos produtores no sentido de incrementar os níveis de produção para o próximo ano.
Um crescimento mais expressivo e sustentado do agronegócio, porém, está na dependência de uma melhora significativa no câmbio e da retomada dos investimentos em infra-estrutura e pesquisa agropecuária, mas tais perspectivas parecem remotas. Bastante favorável tem sido o crescimento médio dos preços internacionais (em US$) dos produtos do agronegócio brasileiro: 9,3% nos primeiros 9 meses do ano. A tendência parece ser de que tais preços se sustentem por um período razoável de tempo, compensando a valorização da moeda nacional.
Mais informações podem ser obtidas com o coordenador dos estudos sobre PIB, Professor Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, no Laboratório de Informação Cepea, pelo telefone (19) 3429-8836/ 8837 ou e-mail [cepea@esalq.usp.br]. (Fonte: Cepea/USP)