19/12/2013
Valor da produção mineira é recorde, mas, com crise do café, crescimento é de apenas 1,5% em relação a 2012
Paulo Henrique Lobato
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio mineiro deve fechar 2013 em R$ 149,2 bilhões. O volume é recorde, mas representa um aumento de apenas 1,5% em relação ao ano passado, devido ao péssimo momento atravessado pelo mercado internacional de café, a principal commodity agrícola do estado. Para se ter ideia, apesar de as exportações da mercadoria terem crescido 20% neste exercício, o valor de vendas para fora do Brasil será 16,8% menor do que o do exercício anterior. No mercado interno, o preço médio da saca de 60 quilos despencou 30,8% em relação ao ano passado, de R$ 428 para R$ 296.
Apesar disso, a participação do estado no PIB do agronegócio nacional teve uma sensível alta, de 13,4% para 13,9%. A queda no setor cafeeiro foi compensada por outros segmentos, como o leiteiro. Neste, em que a produção foi de 8,9 bilhões de litros, o preço médio pago ao produtor foi de R$ 1,03. Em algumas regiões, houve fazendeiro que recebeu R$ 1,30. “Temos quase um terço da produção nacional de leite. Foi um valor significativo”, comemorou Elmiro Nascimento, secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.
Os grãos, levando-se em conta a soma de todas as culturas, também estão em alta. Devem fechar o ano em 12 milhões de toneladas, acima dos 10,7 milhões de toneladas registradas no exercício anterior. Para 2014, a tendência é de crescimento. A soja, por exemplo, deve bater recorde, chegando a 3,7 milhões de toneladas, o que representará uma alta de 10,8% no confronto com a colheita de 2013. O aumento na safra de soja, porém, representa recuo no plantio de milho. A queda deve ser de 2,9%, com a cultura fechando 2014 em 7,2 milhões de toneladas.
O trigo, o feijão e o algodão projetam maior volume na próxima colheita. O primeiro, por exemplo, deve fechar os 12 meses seguintes com uma colheita estimada em 120 mil toneladas. Se o volume se confirmar, a safra será recorde, com salto de 48,5%. No caso do algodão, a previsão para 2014 é a colheita de 79,2 mil toneladas, o que representará um avanço de 17,3% em relação à deste exercício. A primeira safra do feijão – a cultura tem três ciclos anuais – deve ser de 211,3 mil toneladas, com aumento de 38,4%.
O queijo artesanal, embora nem sequer faça cócegas diante da produção de grãos, também terá um bom 2014, pois o produto começou a ganhar mercado fora do estado depois de mudanças na legislação sanitária. Em São Roque de Minas, onde se produz o canastra, o governo e a prefeitura vão construir um entreposto para o processo de maturação de queijo. A edificação vai favorecer os produtores que têm pouco espaço em suas fazendas para maturar a mercadoria.
PRAGAS Apesar dos bons resultados projetados para as lavouras, o governo está atento a uma praga conhecida por Helicoverpa armigera. Trata-se de uma lagarta que ataca as plantações de milho, soja e algodão. Em novembro, o Ministério da Agricultura declarou estado de atenção contra a Helicoverpa. “É um problema que preocupa muito o Brasil. (A lagarta) apareceu na Bahia e se alastrou. Ela causa um prejuízo astronômico. Estamos atentos”, disse Antino Rodrigues, diretor-geral do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Ele acredita que, nos próximos meses, há forte possibilidade de lavouras mineiras serem atacadas pela praga.