O ESTADO DE S. PAULO – 28/11/2014
LAÍS ALEGRETTI
Meta fiscal em 2015 deverá ser de 1,2% do PIB devido ao baixo crescimento em 2014 e ao tempo que a economia exigirá para voltar a acelerar
BRASÍLIA – O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, argumentou que a meta fiscal em 2015 deverá ser de 1,2% do PIB devido ao baixo crescimento da economia em 2014 e ao tempo que a economia exigirá para voltar a acelerar.
A afirmação foi feita em entrevista ao Blog do Planalto, mantido pela Presidência da República. Na entrevista, Levy reafirmou que, nos anos seguintes, a meta de superávit primário do setor público consolidado subirá para 2%.
“Nós vamos alcançar isso com todas as medidas e a disciplina que forem necessárias”, disse.
“Isso é muito importante porque ter o cumprimento dessas metas, ter nossa dívida se estabilizando, diminuindo, isso cria confiança … e, com isso, há a geração de recursos, que permitem ao governo continuar suas políticas públicas e, em particular, políticas de inclusão social”, defendeu.
Levy afirmou que o reequilíbrio fiscal é prioridade do trabalho da equipe econômica. “A segurança fiscal garante a capacidade do governo cumprir com suas obrigações”.
Nota oficial. Em nota sem assinatura do atual ministro Guido Mantega e nem do ministro indicado Joaquim Levy, o Ministério da Fazenda apresentou a avaliação de que o Brasil tem condições para crescer mais no quarto trimestre de 2014 e no próximo ano.
“A economia brasileira apresenta fundamentos macroeconômicos sólidos e tem todas as condições para apresentar no quarto trimestre e em 2015 um crescimento mais intenso, garantindo e ampliando as conquistas da população brasileira, em especial para a população trabalhadora e de menor renda”, informa nota divulgada há pouco.
O Ministério da Fazenda avalia que a alta de 0,1% do PIB no terceiro trimestre ante o segundo trimestre deste ano, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a economia entrou em processo de retomada do crescimento econômico, “embora em ritmo ainda modesto”.
“Apesar do ritmo ainda inferior ao desejado do PIB brasileiro, é necessário destacar que o País registrou em outubro a menor taxa de desemprego da série histórica, 4,7%, e continuou aumentando a renda dos trabalhadores”, destacou a pasta. “Isso significa que a massa salarial continuou crescendo, mas o desempenho do mercado interno tem sido contido pela falta de crédito”. A nota aponta, ainda, que o “bem sucedido desempenho do mercado de trabalho” é resultado da estratégia de política econômica anticíclica, que mitigou os impactos da desaceleração econômica mundial e doméstica sobre os trabalhadores.
O Ministério da Fazenda ainda destacou a expansão de 1,7% da indústria e de 1,3% dos investimentos. “Os indicadores antecedentes e coincidentes sinalizam a continuidade dessa trajetória de melhora no quarto trimestre. A retomada do investimento é fundamental para que o crescimento econômico se acelere e tenha sustentação ao longo do tempo”. Sobre a queda de 1,9% na agricultura, o Ministério da Fazenda alegou que foi provocada basicamente pela seca prolongada, que afetou culturas importantes, como cana de açúcar e café.
Além disso, a pasta avaliou que a demanda interna mostrou enfraquecimento no terceiro trimestre, como mostra a queda de 0,3% do consumo das famílias. Na avaliação da equipe, esse quadro reflete a escassez de crédito em um ambiente de restrição monetária para combater a inflação. “É importante destacar que o crédito começa a dar sinais de melhora, mas ainda está aquém do necessário para levar a taxa de crescimento do consumo das famílias para uma situação de normalidade”.
A assessoria de imprensa informou que o ministro Guido Mantega não concederá entrevista coletiva para comentar o resultado do PIB.