O efeito da confirmação da expectativa de um novo pacote de estímulo nos Estados Unidos não durou muito – embora não podemos esquecer que os mercados tinham precificado um pouco disto já.
Novas preocupações vindas da Europa, com um pouco mais de evidência para a Espanha e Grécia, causaram desconforto nos investidores e uma volatilidade forte nos últimos cinco dias.
A mistura da situação dos dois lados do Atlântico estancou a desvalorização do dólar que tinha enfraquecido bem, depois do anúncio do QE3, e de certa forma teve um impacto a promessa da Arábia Saudita em aumentar a produção de petróleo para ajudar a economia mundial.
Os principais índices de bolsas fecharam com baixa, com exceção de Espanha e Alemanha.
Já as commodities sofreram fortes perdas, pressionadas principalmente pela influência da queda do petróleo (motivo explicado acima).
O café em Nova Iorque, que ensaiava o teste aos US$ 190.00 centavos, acabou escorregando forte e teve dias de alta volatilidade, encerrando a semana US$ 10.32 por saca mais baixo. Londres por sua vez fechou de lado, recuperando as perdas da semana e dando sinais que podem ajudar ambos os mercados.
Se a movimentação interna no Brasil – origem que praticamente está sozinha neste momento – foi boa durante a puxada do “C” o contrário foi verdade com a queda vista. Como os produtores não estão com urgência em vender seu café, e voltaram a negociar algum volume acima de R$ 400.00 a saca, ofertas abaixo deste patamar são praticamente ignoradas.
As outras origens aproveitaram para colocar algumas vendas de futuros nos livros, e na outra ponta os torradores se animaram um pouco com a leve abertura do diferencial – principalmente para os cafés menos finos.
A questão da qualidade e do uso crescente do robusta continua a ser uma sombra para o arábica negociado pela ICE, fatores que impactam tanto o incremento dos estoques certificados (que encontram menor interesse de compradores), como os diferenciais dos suaves que terão uma tendência natural de enfraquecimento e alinhamento ao contrato futuro.
Por outro lado como a arbitragem entre as duas variedades tem tido dificuldade em romper os 90 centavos, e o produto da LIFFE se mostra firme, o arábica deve encontrar suporte.
Embora a semana tenha tirado um pouco a inspiração dos altistas eu não ficaria surpreso em uma continuação da alta, que neste último trimestre do ano pode voltar acima de US$ 200 centavos por libra.
Como pano de fundo não custa ressaltar que o dinheiro investido em commodities voltou a aumentar em julho, estando agora em 84 milhões de dólares, e a liquidez que continuará a ser provida por bancos centrais tem um papel fundamental para não afugentar o dinheiro desta classe de investimentos. Prova disto é a performance do GSCI (antigo Goldman Sachs Index) que da mínima feita em junho já subiu 24%.
Agora que a alta será menos constante do que a que vimos no ano passado não há dúvida, portanto prepare-se para os solavancos que vem por aí.
Uma ótima semana e excelentes negócios.
Ainda em Dubai,
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting