O equilíbrio da
balança da produção de sementes em Minas Gerais tem vindo das universidades.
Enquanto as grandes fábricas concentram seus trabalhos em culturas de alta
produtividade que, conseqüentemente, trarão maior custo final ao produto, os
laboratórios e centros de pesquisas reforçam a participação acadêmica no
desenvolvimento de variedades de sementes resistentes a doenças e, sobretudo,
com custo reduzido ao produtor.
A soja, em Uberlândia e Viçosa, e o
milho, feijão e café, em Lavras, são as principais culturas usadas para a
produção de sementes em Minas. No caso da soja, a grande vantagem para os
pequenos produtores é a redução do custo e a descoberta de espécies adequadas às
microrregiões do país e resistentes a pragas e doenças. “Muitas empresas que
produzem sementes também fabricam defensivos agrícolas e, por isso, em alguns
casos não há grande interesse em desenvolver sementes com resistência”, explica
o professor Osvaldo Toshiyuki, coordenador do Programa de melhoramento da Soja,
da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
A participação das
universidades tem ajudado também no lançamento de sementes de plantas destinadas
ao consumo interno. Como não são commodities portanto, sem valorização no
mercado externo, muitas vezes são tratadas como o “primo-pobre” das lavouras. Um
exemplo é o feijão. Em Minas, as universidades recebem um reforço na produção de
sementes de qualidade a baixo custo para o produtor da unidade da Embrapa Milho
e Sorgo, em Sete Lagoas. São pesquisadas na unidade variedades com alto
potencial de produção, mas que se encaixam no bolso dos pequenos produtores
rurais.
“É só uma questão de permissão para logo o produtor ter acesso ao
milho transgênico” – José Carlos Cruz, pesquisador da Embrapa Milho e
Sorgo
Dos 237 tipos de milho disponíveis no mercado brasileiro
atualmente, 29 foram desenvolvidos pela Embrapa de Sete Lagoas, sendo que um
deles é destinado à produção de pipoca. “O milho, por ser um produto híbrido,
tem um mercado dos mais competitivos entre os grãos”, explica o pesquisador José
Carlos Cruz, da Embrapa.
A unidade mineira da Embrapa também investiu na
pesquisa de sementes de sorgo, cultura típica de segunda safra que é plantada
após a colheita de soja, para proteger o terreno. “O mercado de sorgo tem
crescido bastante, principalmente em Minas e Goiás”, diz Cruz. Segundo a
Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Estado de Minas Gerais
(Apsemg), a produção de sementes de sorgo no estado ainda é baixa, próxima a 2,1
mil toneladas por ano.