Qui, 02 Dez, 2010 04h01
Rio de Janeiro, 2 dez (EFE).- Um grupo de pesquisadores brasileiros identificou um gene que confere à planta do café alta resistência para crescer em áreas afetadas pela seca e com escassez de água.
O gene, já usado para desenvolver uma variedade geneticamente modificada de café que permite o cultivo do grão em terras secas, foi identificado por cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), informou esta última em comunicado.
\”O gene já foi patenteado e será introduzido em outras plantas de interesse agronômico, como soja, cana-de-açúcar e algodão\”, indica a Embrapa.
Trata-se de um importante avanço para o Brasil, que já é o maior produtor e exportador mundial de café, assim como o segundo maior consumidor da bebida – atrás somente dos Estados Unidos.
O gene foi identificado graças a um estudo coordenado por Eduardo Romano de Campos Pinto, pesquisador da subsidiária da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, e Márcio Alves Ferreira, pesquisador da UFRJ.
Segundo a Embrapa, o gene se encontra naturalmente presente em plantas de café e o estudo permitiu demonstrar que, se introduzido em outras plantas, pode ajudar a elevar a tolerância das mesmas à seca.
A Embrapa já tinha decifrado em 2004 a sequência genética do café, o que o permitiu criar um banco de dados com cerca de 200 mil genes, dos quais 30 mil já foram identificados.
Para identificar o gene que confere ao café tolerância à seca, os pesquisadores submeteram a plantas do grão a períodos de até dez dias sem água. As análises moleculares permitiram identificar um gene cuja expressão aumentava cada vez mais nas condições de seca.
\”É o que caracteriza a defesa natural da planta para sobreviver em condições de estresse\”, explicou Romano em declarações citadas no comunicado da Embrapa.
Uma vez identificado este gene, os pesquisadores o transferiram mediante técnicas de engenharia genética a outras plantas e verificaram que as mesmas desenvolviam uma maior tolerância à seca e que transmitiam essa condição a seus descendentes.
Segundo os pesquisadores, as plantas geneticamente modificadas e suas descendentes permaneceram saudáveis até 40 dias, apesar de não contar com água nesse período.
Os estudos foram realizados com variedades do café arábico, que é o mais cultivado no Brasil.
A próxima ação dos pesquisadores é tentar transferir o mesmo gene a outras plantas de importância econômica para o Brasil, como soja e cana-de-açúcar. EFE