O objetivo é elaborar uma política estratégica para cada região produtora de café no país, focando em pequenos, médios e grandes produtores.
Sexta, 24 de Julho de 2020 Pesquisadores do Campus Venda Nova do Imigrante, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), estão há algumas semanas envolvidos no mapeamento dos cafés da Serra de Baturité, no Ceará; da região do Ararípe, em Pernambuco; e do município de Piatã, na Bahia. A expedição, que está sendo realizada seguindo os protocolos de prevenção à Covid-19, faz parte do projeto Metabolômica do Café Brasileiro, que tem como um dos objetivos caracterizar o microbioma do café no território nacional.
Também está incluído nesse projeto o mapeamento de cafés de outros estados, como Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Rondônia e Paraná. O professor Lucas Louzada, que coordena os trabalhos, contou a abordagem do estudo é inédita e que este ano será feita uma caracterização sistemática desses locais. “Acreditamos que será possível estimar e elaborar uma política estratégica para cada região produtora de café no país, focando em pequenos, médios e grandes produtores, para que a expressão máxima da qualidade seja possível”, contou.
O pesquisador também afirmou que com essa pesquisa será possível uma divulgação ampla do perfil sensorial, químico e microbiano do café brasileiro no cenário acadêmico e produtivo do país como um todo. “Uma mesma metodologia de fermentação está sendo empregada para compreender os determinantes da qualidade de produção de café no Brasil, focando especialmente em caracterização das formas de cultivo, nas condições edafoclimáticas, na característica dos microrganismos e em como os cafés respondem a diferentes formas de processamento e fermentação”, complementou.
O projeto também conta com a parceria de pesquisadores das universidades federais do Espírito Santo e de Viçosa (Ufes e UFV), do Instituto Federal do Ceará (IFCE), do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), e da Embrapa Café. É financiado pelo Sicoob Sul Serrano e tem o apoio de diversos produtores rurais que recebem os pesquisadores nas ações de campo do projeto.
Também fazem parte da equipe executora do Ifes os pesquisadores Aldemar Polonini Moreli, Emanuele Catarina Oliveira, Wilton Soares Cardoso, Evandro de Andrade Siqueira e Deusélio Bassini Fioresi. A cronologia do projeto segue em 2020 com coletas e execução dos ensaios experimentais em todas as regiões do Brasil. Em 2021 serão divulgados os laudos sensoriais e quimiométricos; e em 2022 os laudos do microbioma do café que será coletado.
Cafés especiais no Nordeste?
Apesar de não serem conhecidos no Sudeste como produtores de café arábica de qualidade, os estados do Ceará e Pernambuco possuem um tipo de café cultivado exatamente como foi descoberto na Ethiópia: sombreado, adaptado e produtivo. “É o oposto do que ocorre por aqui, onde mais de 90% da produção de café ocorre a pleno sol. Foi um fato curioso, encontramos cafés que estavam em período de produção de mais de 60 anos, que foram abandonados em função da crise do café e que se adaptaram ao cultivo em pleno estágio de sombreamento”, afirmou Lucas.
Os pesquisadores do projeto contaram com o apoio do Campus Creta, do IFCE. O professor Marcus Góes, coordenador do curso de Zootecnia do campus, auxiliou na coleta em três propriedades de produtores de cafés na região do Maciço de Baturité (CE) e uma fazenda em Exu (PE). O IFCE contribuiu na articulação com os produtores e estará à frente da difusão dos resultados da pesquisa nos dois estados.
Para Góes, a parceria abre portas para novos projetos: “Essas relações entre os institutos federais são muito interessantes, pois possibilitam uma rica troca de saberes e experiências entre os docentes. A parceria está em início e estamos trabalhando em um projeto para ajudar os produtores de café do Maciço de Baturité a conseguirem o selo de indicação geográfica para o café”.
Veja a matéria na íntegra no site do IFES
Com informações da Comunicação do Campus Creta (IFCE).