Tecnologia ajuda a abrir novos mercados para os produtores
01/04/2011
EPTV Caminhos da Roça
Já é possível tirar café descafeinado direto do pé! Esta é
uma das mais inovadoras pesquisas do Instituto de Biologia da Unicamp, em
Campinas, interior de São Paulo e está bem adiantada.
Foi como achar agulha no palheiro. Das 30 mil plantas do café Catuaí, do tipo
Arábica, que germinaram, sete apresentaram índices próximos a zero de cafeína.
Os testes se basearam na mutação genética.
O pesquisador da Unicamp Paulo Mazzafera explica que o processo todo é muito
simples: “É um procedimento adotado na agricultura há muitos anos: tratar
sementes com uma substância que chamamos de mutagênico e ela muda alguma parte
do DNA daquela planta”.
A mutação praticamente eliminou o teor de cafeína nos pés, mas provocou outra
situação que é a abertura precoce das flores, isto impossibilita a produção
imediata em grande escala. A próxima etapa desse projeto é solucionar esse
problema. “Abrindo precocemente ela fica mais acessível à pólen de uma planta
que tenha cafeína. Esse pólen vindo e fecundando a flor do cafeicultante, pode
restaurar o teor de café na semente”, fala Mazzafera. O pesquisador espera
concluir os estudos em quatro anos.
Na cidade Pirapora, norte de Minas, uma experiência pode contribuir para
expandir o café Conillon na região mais carente do Estado. O campo experimental
de Conillon fica a 500 metros de altitude e o interessante é que as 115 mil
mudas, plantadas em 42 hetares de café, foram clonadas no Espírito Santo, maior
produtor da bebida no Brasil, e levadas para o norte de Minas Gerais.
Clonar o Conillon é de uma simplicidade que chama a atenção, o agrônomo
Ronaldo João Zooca explica que basta destacar o broto: “Com um canivete retira a
base da estaca, destaca alguns ramos, retira um terço das folhas e está pronta
uma “estaquinha”. Depois disso, ela já pode ir para a sacola com substrato onde
vai desenvolver, produzindo uma nova planta de Conillon”.
Clonar o café Arábica, produzido em 100% das propriedades do sul de Minas,
não é uma tarefa tão simples e quebra a cabeça dos pesquisadores da UFLA, a
Universidade Federal de Lavras. “O recenseamento do café Arábica é difícil,
existem substâncias na planta que oxidam aquela estaca, no segmento de caule,
quase impedindo a formação de raízes”, fala o professor da UFLA Samuel Pereira
de Carvalho.
Mas os testes foram animadores. A clonagem é possível e faltam apenas
detalhes para a distribuição das mudas na roça. “A planta clone tem constituição
genética idêntica a planta matriz, de onde as partes vegetativas foram tiradas
para então formar uma nova planta”, explica Carvalho.