Pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, avaliaram prematura a constatação de que “O café vai sumir do cenário agrícola paulista nos próximos 30 a 40 anos, quando a temperatura deverá estar 3 graus centígrados mais alta”, presente no estudo divulgado pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp em conjunto com a Embrapa-Informática a partir dos relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas).
Segundo análise, realizada por pesquisadores do Centro de café e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Ecofisiologia e Biofísica da Secretaria, para tal conclusão seria necessária uma avaliação dos possíveis cenários e da situação da capacidade técnica-científica da cafeicultura atual.
Considerando as faixas de temperatura média anual, definidas pelo zoneamento agroclimático do café arábica para o Brasil, como aptas ou preferenciais aquelas que ficam entre 18 a 23°C, marginais a inaptas aquelas abaixo de 18°C e acima de 23°C pode-se fazer a seguinte leitura das regiões produtoras no Estado de São Paulo: na região da Média e Alta Mogiana, maior produtora do Estado, a altitude está na faixa de 800 a 1.200m, com temperaturas médias entre 18 a 20ºC. Um aumento de 3°C elevaria essas temperaturas para 21 a 23°C, continuando a região a ser considerada ainda apta para a cultura comercial do café arábica.
Na região sul do Estado embora a altitude esteja na faixa de 700 a 800m, devido à latitude as temperaturas médias são de 19 a 20°C e, portanto 3ºC a mais também não inviabilizaria a cafeicultura comercial na região.
O problema poderia se tornar mais grave e preocupante no centro-oeste do Estado, no qual a principal região produtora fica entre os municípios de Garça e Marília, onde a altitude média está em torno de 600m, que condiciona temperaturas médias na faixa entre 21 a 22°C, que com a projeção de aumento de 3ºC, inviabilizaria o cultivo comercial do café arábica.
Na avaliação dos especialistas, alguns aspectos primordiais foram totalmente ignorados por aqueles que consideram apenas o aspecto temperatura média.
Redação Cruzeiro do Sul – 16/03/2007
Notícia adaptada pela equipe do Boletim Agropecuário