por Fabiane Roque, agência Lusa
Investigadores brasileiros estão a testar em laboratório plantas transgénicas capazes de resistir a longos períodos de seca, numa resposta às preocupações suscitadas pelas alterações climáticas.
“O projeto começou a partir da pesquisa do genoma da planta do café. Nesse estudo, que contou com mais de 100 investigadores, identificámos os 30 mil genes do café e, a partir daí, cada grupo passou a pesquisar uma característica específica”, afirmou à Lusa o investigador Eduardo Romano, ao explicar que o seu grupo ficou com a missão de estudar os genes associados à resistência à seca.
Após ser identificado, esse gene foi isolado e testado numa planta-modelo, de uma espécie semelhante à mostarda, com o nome científico Arabidopsis thaliana.
“As plantas que receberam o gene sobreviveram 40 dias sem água, enquanto as que não o receberam morreram após 15 dias sem água”, disse Eduardo Romano, que integra a equipa científica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola (Embrapa), onde o projeto é levado a cabo.
Graças aos resultados animadores obtidos nas primeiras experiências, a descoberta será testada agora em cinco culturas comerciais, entre elas alguns dos principais produtos de exportação brasileira: cana-de-açúcar, soja, arroz, trigo e algodão.
De acordo com o investigador, exemplares dessas cinco espécies já receberam o gene especial e estão a ser observadas em laboratório. Após o nascimento das primeiras plantas transgénicas, as sementes serão novamente testadas em laboratório para, só então, a partir de uma seleção das melhores amostras, serem iniciados testes de campo.
Comentários
Fábio Lúcio Martins Neto comentou em: 21/08/2012 12:44
Café transgênico resistente a seca
Uma cultivar de café resistente a seca seria o desejo dos cafeicultores baianos em 2012, quando deixamos de colher 30% da safra devido a forte estiagem que acometeu as regiões cafeeiras na Bahia.
Estudos e previsões de longo prazo indicam que o aquecimento global poderá deslocar a cafeicultura do Sul de Minas Gerais para o Rio Grande do Sul. Imagine os efeitos disso para cafeicultura baiana, localizada em latitudes muito menores.
Apesar da ampliação da cafeicultura em áreas quentes, como o Oeste da Bahia e o Norte de Minas Gerais, ser viável pela irrigação, esta não é uma tecnologia acessível a muitos cafeicultores, seja por falta de capital ou por falta de fontes de água (em quantidade e qualidade) que poderiam servir aos estabelecimentos produtores de café.
Sabemos que a arborização dos cafezais é uma técnica importante para mitigar os efeitos do aquecimento do ar e o déficit hídrico no solo. Mas seu grande desafio é ser compatível com a mecanização principalmente da colheita.
Agora, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) isolou um gene do cafeeiro resistente à seca. Será que em 5 anos teremos uma cultivar com esta característica?
Sabemos que o processo de melhoramento genético do cafeeiro é demorado e que outras características precisam estar presentes em uma nova cultivar. Não podemos prescindir dos aspectos relacionados a produção, à resistência a pragas e doenças e a qualidade da bebida.
Seria muito bom termos uma cultivar resistente a seca na Bahia. Seria a redenção de regiões outrora fortes na nossa cafeicultura, como o Vale do Jequiriçá e a Região de Seabra, enfraquecidas pelas alterações verificadas no clima.
Ainda não existem estudos sobre os organismos geneticamente modificados (transgênicos) no café, mas um debate sobre o assunto é necessário, pois o consumidor já demonstrou em diversas ocasiões que não quer transgênicos na sua alimentação, em nome de um receio compreensível.
Vamos aguardar os resultados da pesquisa da Embrapa.
Grande abraço!
COMENTÁRIOS
Milton
Consdiero muito importante, espero que quem não sabe o que é uma planta trangenica não prejudique o desenvolvimento do brasil levantando bandeira em defesa do que não conhece, Rondonia agradece a pesquisa, vá em frente EMBRAPA.