Cairo – Os cafés do Cairo, capital do Egito, mudaram de perfil. O estudo de uma pesquisadora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade de Ain Shams, Jilan Al-Zaini, apontou que houve uma mudança social na cidade, que está refletida nestes estabelecimentos. De acordo com Al-Zaini, os cafés, que já tiveram importante papel político e literário no país, quando intelectuais se reuniam neles para discutir assuntos variados, agora se transformaram em locais para conversas leves, onde se pode fumar narguilé (espécie de cachimbo que no Egito também é conhecido como “shisha”) e jogar jogos de tabuleiro. Atualmente, no final do dia, após as rezas do Ramadã, os cafés do Cairo se enchem de homens e mulheres de várias idades. No mês sagrado dos muçulmanos, que começou no dia 04 de outubro, os praticantes da religião jejuam durante o dia e somente se alimentam à noite. A pesquisadora diz que esta mudança está relacionada a alterações sociais, especialmente em função do avanço da comunicação, que gera aumento de contato com outras sociedades e a expansão comercial. Al-Zaini também explicou que atualmente muitas ruas têm mais de um café e que eles estão divididos entre os que servem às classes mais baixas, à média e à classe alta. Estatísticas mostram também que em 2003 havia 48.129 cafés no Egito, enquanto entre os anos de 1067 e 1880, o total jamais passou de 25 mil cafés. A pesquisadora acrescentou que os cafés também podem ser divididos entre aqueles freqüentados por artistas e músicos, os para trabalhadores braçais e os para intelectuais. Café Al-Reesh Entre os cafés pesquisados por Al-Zaini está o famoso “Al-Reesh”, que foi aberto em Cairo em 1908, de onde muitos movimentos intelectuais e literários de Cairo surgiram. A pesquisadora acrescentou que até hoje o local ainda é freqüentado por escritores e jornalistas. O estudo de Al-Zaini mostra também que os cafés públicos são os que apresentam a mais variada mistura de pessoas e que muitos destes estabelecimentos foram modernizados e são freqüentados por jovens, entre os quais o narguilé está ficando cada vez mais popular. A pesquisa aponta que a modernização levou a uma grande expansão no número de cafés, o que fez os mais antigos oferecerem a seus clientes comidas leves para competir com estabelecimentos mais novos. Vários cafés agora têm mesas de bilhar, pingue-pongue e acesso à internet. A pesquisa mostra, no entanto, que o número de cafés com internet deve cair com o passar dos anos, quando o preço dos computadores baixar e estas máquinas estiverem em um maior número de residências. Freqüentadores Estatisticamente, a pesquisa mostra que 80,2% dos homens que freqüentam estes cafés vão para fumar narguilé. No caso das mulheres, esta porcentagem sobe para 82,7%, comprovando que o hábito está ficando cada vez mais comum entre elas. O trabalho de Al-Zaina sugere que os cafés passem a incluir uma biblioteca, revistas e jornais para que os clientes possam lê-las enquanto estiverem no local, aprendendo mais sobre o mundo ao seu redor. *Tradução de Mark Ament
De acordo com Jilan Al-Zaini, da Universidade de Ain Shams, os cafés da capital do Egito mudaram. Em vez de ponto de encontro para discussões políticas e intelectuais, eles se transformaram em locais de lazer, para fumar shisha (narguilé) e fazer refeições leves.