Segundo a Nova Economia Institucional, entende-se como ambiente institucional o conjunto de instituições presentes em uma determinada localidade.
Há as de caráter formal, como leis, regras, normas e a própria Constituição Federal, e as de caráter informal, como valores, hábitos e cultura específicos. Partindo de tal teoria, a administradora de empresas Angélica da Silva Azevedo desenvolveu a pesquisa “As cafeiculturas do Cerrado Mineiro e do Sul de Minas no escopo das singularidades institucionais” – orientada pelo professor Luiz Gonzaga de Castro Júnior – objeto de dissertação de Mestrado defendida em fevereiro deste ano.
O estudo comparativo aconteceu no âmbito do Centro de Inteligência em Mercados (CIM) da Agência de Inovação do Café (InovaCafé), pertencente à Universidade Federal de Lavras (UFLA), e apontou que os ambientes institucionais das regiões mineiras abordadas possuem singularidades e diferenças que influenciam a forma com que os produtores conduzem a atividade cafeeira.
Para a realização do trabalho, a autora utilizou metodologias qualitativas e quantitativas. Primeiramente, foi feita uma pesquisa bibliográfica e documental para resgatar a história da cafeicultura em cada localidade, desde o início até os dias atuais. Em seguida, foram aplicados questionários aos cafeicultores para verificar a existência de diferenças no perfil e na forma de conduzir a atividade. Por último, foram realizadas entrevistas com produtores, técnicos extensionistas, pesquisadores e membros de cooperativas rurais que permitiram explorar as particularidades de cada região.
Conforme consenso geral, cada região possui seu perfil específico: “O Cerrado Mineiro é visto como uma região inovadora, com grandes propriedades e produtores com perfil empresarial. Já o Sul de Minas Gerais é tido como uma região mais tradicionalista, composta majoritariamente por pequenos cafeicultores ”, definiu a pesquisadora.
Após aplicação da metodologia proposta, foi possível obter algumas constatações. As duas regiões realmente possuem perfis distintos entre os produtores, reafirmando o que já é consensual e existente na literatura. No entanto, foi verificado que essa realidade não está presente nas regiões como um todo. “Os cafeicultores do Cerrado realmente possuem um perfil mais empresarial e se mostram mais abertos para a adoção de inovações, mas há uma pequena parcela que não compartilha desse perfil, sendo mais avessa às tecnologias”, concluiu.
O trabalho também confirmou o perfil mais tradicionalista dos cafeicultores do Sul de Minas e o menor acesso deles às inovações. “Porém, já conseguimos vislumbrar uma mudança na postura dos produtores, que já perceberam a necessidade de se adequarem às tecnologias disponíveis para sobreviverem na atividade, serem mais competitivos e obterem mais lucro”, pontuou.
Outra contribuição da pesquisa relaciona-se ao fato de que a questão do ambiente informal, menos abordada na literatura da área, teve maior destaque. Também foi possível detectar como se dão as relações entre produtores e órgãos de pesquisa e extensão, possibilitando propor políticas públicas e metodologias voltadas à melhoria da capacitação dos cafeicultores e da gestão de suas propriedades.
A dissertação encontra-se, no momento, em processo de revisão, e em breve estará disponível do repositório institucional da UFLA.