Estudo mostrou que os genótipos têm potencial para qualidade de bebida e que o clima de Mato Grosso pode ser favorável para a produção de cafés especiais
Por Canal Rural
Pesquisadores da Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT) e da Embrapa Rondônia estão desenvolvendo o projeto “Validação de clones de Coffea canephora para o Estado de Mato Grosso”, com o objetivo de identificar os melhores clones para cultivo de café no estado.
Estão sendo avaliados os desempenhos agronômico e sensorial de 50 genótipos de cafeeiros robustas amazônicos desde janeiro de 2021, em duas unidades de pesquisa da Empaer-MT: no Campo Experimental e de Produção em Tangará da Serra e no Centro Regional de Pesquisa e Transferência de Tecnologia de Sinop.
Na primeira colheita comercial, ocorrida na última safra 22/23, foram avaliadas diversas variáveis como produtividade, uniformidade de maturação, ciclo e qualidade de bebida. A análise de qualidade de bebida foi realizada em um laboratório especializado em cafés especiais, composto por uma rede estruturada de avaliadores credenciados na avaliação de cafés Coffea canephora.
Para essa finalidade foi firmada parceria com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) do Espírito Santo, que realizou as análises sensoriais dos cafés colhidos em Mato Grosso.
Em fevereiro deste ano, no Centro de Cafés Especiais (Cecafes) localizado na Fazenda Experimental do Incaper de Venda Nova do Imigrante, no Espirito Santo, as amostras foram submetidas a avaliação de qualidade de bebida por quatro profissionais Q-Grader (avaliadores credenciados pelo Coffee Quality Institute), os quais fizeram a descrição sensorial da bebida dos 50 genótipos em avaliação.
O pesquisador da Embrapa Café, membro da equipe executora do projeto, Marcelo Curitiba Espíndola, relata os detalhes da prova: “No momento da avaliação foi muito interessante observar que a equipe ficou deslumbrada com a diversidade de sabores que tinham as amostras. Isso mostra que esses clones têm potencial para qualidade de bebida e que o clima de Mato Grosso pode ser favorável para a produção de cafés especiais”, contou.
Já o coordenador do Cecafes/Incaper, Douglas Gonzaga de Sousa, frisou que provar cafés de diferentes terroirs é uma experiência gratificante e enriquecedora para o profissional.
“Por se tratar de cafés oriundos de clones cultivados em condições de solo e clima diferentes dos cafés do Espírito Santo, oportunizou aos provadores do Cecafes explorarem novas experiências e origens com toda sua complexidade, se tornando uma experiência enriquecedora para nossos profissionais”, disse.
O pesquisador da Embrapa lembrou que o café é uma cultura relacionada à agricultura familiar. “Então, quando nós falamos em plantio de cafés da espécie Coffea canephora no estado de Mato Grosso, nós estamos trabalhando com pequenos agricultores localizados nas regiões norte e noroeste onde se encontra a Floresta Amazônica”, explicou.
Segundo Marcelo, “com o trabalho vai ser possível identificar aqueles clones cafeeiros com melhor potencial para a qualidade de bebida e vamos poder recomendar para os cafeicultores quais os cafés que apresentam essa característica, especialmente pensando em Mato Grosso se tornar não necessariamente um grande produtor de café, mas talvez um grande produtor de cafés especiais. Ou seja, produzir um café com qualidade diferenciada para atingir mercados diferenciados e agregar valor para essa commodity”.
A pesquisadora da Empaer-MT e membro da equipe executora do projeto, Danielle Helena Müller, teve a oportunidade de participar presencialmente das análises sensoriais dos canéforas mato-grossenses.
“Foi muito interessante a experiência no Cecafes por ser um centro organizado e bem coordenado, com uma equipe de trabalho técnica e competente. Em Mato Grosso ainda estamos desenvolvendo a expertise na produção de cafés especiais. Então é um privilégio contar com o apoio de técnicos e provadores qualificados do Espírito Santo, que se destaca como estado produtor de cafés”, revelou.
Segundo Danielle, a equipe de pesquisa da Empaer-MT que desenvolve o projeto está na expectativa da possibilidade de expansão da produção de cafés especiais e espera que os bons resultados obtidos sejam motivadores para os produtores já atuantes na cadeia cafeeira em Mato Grosso.
“Que eles possam se beneficiar com a seleção de clones tecnicamente recomendados para as condições do estado, abrindo caminhos para que se engajem ainda mais em melhorar a qualidade do café produzido”.
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