O estudo coordenado pela pesquisadora da Epamig Sul, Sonia Lima Salgado, avalia a resposta de diferentes plantas de café ao ataque do nematoide M. paranaensis, em área de lavoura naturalmente infestada.
Um estudo inédito desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas
Gerais (Epamig) tem como foco o combate ao Meloidogyne paranaensis, uma das
espécies mais agressivas de nematoide que ataca as lavouras e o plantio do café.
A doença, que torna as plantas fracas e improdutivas, dificulta a absorção de
água e sais minerais, causando a morte das raízes, queda das folhas, diminuição
da produção e até a morte das plantas.
O estudo coordenado pela pesquisadora da Epamig Sul, Sonia Lima Salgado,
avalia a resposta de diferentes plantas de café ao ataque do nematoide M.
paranaensis, em área de lavoura naturalmente infestada. O projeto conta com o
apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), do
Consórcio Pesquisa Café e do INCT e com a participação da equipe de Melhoramento
do Café, composta pelos pesquisadores Antonio Alves Pereira, César Elias
Botelho, e Gladyston Rodrigues Carvalho.
A pesquisa tem como objetivos identificar as plantas de café resistentes e
mapear os focos dos nematoides mais agressivos ao cafeeiro, além de levar
informação aos produtores sobre medidas como controle preventivo para conter a
disseminação de M. paranaensis. Usar plantas resistentes é a alternativa mais
eficaz, econômica e promissora para o controle desses nematoides.
A Fazenda Guaiçara, no município de Piumhi, no Sudoeste de Minas, é o local
onde, desde fevereiro de 2009, estão instaladas as pesquisas para que sejam
detectados os cafeeiros resistentes ao Meloidogyne paranaensis. Com este
trabalho, a Epamig já identificou cafeeiros com resistência a Meloidogyne sp. e
iniciou o cultivo dessas plantas resistentes em outra área infestada no
município de Patrocínio.
Plantas de café geneticamente diferentes são usadas no Programa de
Melhoramento Genético da Epamig e mantidas em coleções conhecidas como Banco de
Germoplasma do Café. No Brasil, uma das mais importantes coleções está no Campo
Experimental da Epamig em Patrocínio, com mais de 1500 materiais genéticos de
café.
Após a avaliação e o plantio de diversos materiais genéticos, algumas plantas
se destacaram e apresentaram resistência a nematoides da espécie Meloidogyne
paranaensis. Isso possibilitou avanços para consolidação do estudo, segundo a
pesquisadora.
Identificação e combate
Muitos produtores, cafeicultores e técnicos de plantio, desconhecem
a problemática dos nematoides no cafeeiro, fato que aumenta o risco de
crescimento da população da doença em suas lavouras.
Por outro lado, muitos daqueles que estão informados sobre essa doença, têm
adiado a busca por orientação quanto aos métodos de controle, principalmente
preventivos, para evitar disseminação dos nematoides nas áreas cafeeiras e como
controlar os focos existentes.
O ciclo da doença cafeeira inicia quando as fêmeas dos nematóides colocam
ovos de onde saem as larvinhas que se orientam para se hospedar na raiz da
planta. O “nematoide-das-galhas”, Meloidogyne, pode parasitar plantas de
qualquer idade, disseminando-se na lavoura por meio de mudas, água de chuva e de
irrigação, máquinas e implementos.
As espécies Meloidogyne paranaensis e m. incognita e exígua são os nematoides
mais danosos ao cafeeiro. Os paranaensis e m. incognita parasitam as raízes de
tal forma que podem levar a planta à morte, segundo a pesquisadora. Veja o
gráfico de evolução do nematoide em áreas cafeeiras na cartilha desenvolvida
pela Epamig para difusão da informação clicando aqui.
Ela alerta, ainda, para que os cafeicultores realizem testes em suas
plantações nos laboratórios disponíveis para análise com o objetivo de ampliar a
possibilidade de combate ao nematoide e proteger a produção de café em Minas
Gerais. Veja o passo a passo de recomendação de coleta de amostras em lavouras
cafeeiras para análise nematológica clicando aqui.
Avanços e soluções
A pesquisadora da Epamig, Sônia Salgado, destaca alguns desafios no combate
aos nematoides na cafeicultura. O primeiro deles é o longo período para obter
uma cultivar de café que seja resistente pelo fato do próprio ciclo de duração
da cultura.
Além disso, o controle de nematoides na lavoura cafeeira, em curto prazo, se
torna difícil diante da escassez de produtos nematicidas eficazes, tanto químico
(sintéticos) quanto biológicos.
Diante disso, o controle de nematoides na lavoura cafeeira, em curto prazo,
se torna difícil diante da escassez de produtos nematicidas eficazes, tanto
químico (sintéticos) quanto biológicos.
O segundo ponto importante enquanto desafio é a própria escassez no mercado,
neste momento, de uma tecnologia capaz de recuperar a curto prazo as plantações
acometidas pelo nematoide.
A reduzida parceria entre cafeicultores e instituições de pesquisa para
viabilizar estudos de controle dos nematoides do cafeeiro também está entre os
pontos que necessitam atenção.
A confirmação, por outras instituições, da resistência dos cafeeiros
selecionados pela Epamig, seja em outras áreas infestadas ou em casa de
vegetação é um grande passo rumo à consolidação dessa pesquisa e ao avanço no
combate à doença nas lavouras cafeeiras do Estado de Minas Gerais.
Fonte: Agência Minas Gerais