Vinte empresas de sucos situadas nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste
co-financiaram o projeto de pesquisa Segurança Microbiológica de Sucos e
Néctares Envasados Assepticamente, concluído em 2005 pela Embrapa
Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ) e pela Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp) que constatou que todos os sucos e
néctares avaliados possuíam sanidade adequada e de acordo com legislação
nacional e internacional. A finalidade do projeto foi adequar as
práticas produtivas às exigências para a exportação de sucos para
diferentes países e regiões, como Estados Unidos, União Européia e
Japão, evitando, assim, alegações técnicas para a imposição de barreiras
à exportação.
O projeto contou também com a parceria das empresas Tetra Pak e MV
Engenharia, e com recursos do Governo Brasileiro e do Banco Mundial,
integrantes do Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologia
Agropecuária para o Brasil (Prodetab), coordenado pela Embrapa.
Apenas um tipo de microrganismo resistente ao calor foi detectado em
algumas amostras, porém não foi constatada a ocorrência de eventuais
toxinas que pudessem ser produzidas por tais microrganismos. Foi
realizado o dimensionamento dos processos térmicos de modo a assegurar a
destruição dos microrganismos termorresistentes e a garantir
simultaneamente a manutenção da qualidade sensorial e nutricional nos
sucos. Foi também apresentado às indústrias um conjunto de recomendações
de boas práticas de fabricação e sistemas de controle agro-industriais
abrangidos em planos denominados APPCC (Análise de Perigos e Pontos
Críticos de Controle), para evitar a ocorrência desse e de outros
microrganismos que possam comprometer a sanidade dos produtos.
O esforço das indústrias aliado às instituições de pesquisa são fatores
que têm contribuído para manter o crescimento – de 14% ao ano, de 1994 a
2004, segundo o Instituto Brasileiro de Frutas – e a competitividade do
setor de sucos e néctares industrializados e sua constante adequação às
demandas dos consumidores, o cumprimento da legislação brasileira e
internacional relativa à segurança e a implantação de tecnologias e
ferramentas para a garantia e controle da qualidade dos produtos.
Segundo pesquisador Amauri Rosenthal, Chefe Geral da Embrapa
Agroindústria de Alimentos, empresa vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, “A pesquisa investigou os
microrganismos já identificados e também os emergentes que podem ser
enquadrados em legislação futura e foi considerada como modelo bem
sucedido de interação entre empresas privadas, instituições de pesquisa
e universidades, tendo originado novo projeto, atualmente em execução,
intitulado Microbiologia Preditiva e Tecnologia de Alta Pressão Aplicada
ao Processamento e Conservação de Sucos e Néctares de Frutas”.
A nova
pesquisa, também com parceria da Embrapa e universidades (Unicamp e
Universidade de Santa Catarina) com o setor produtivo, tem como
principal objetivo avaliar o efeito das condições de armazenamento,
embalagens e das características dos sucos e néctares na vida de
prateleira (vida útil) dos produtos, bem como avaliar o potencial de
utilização de tecnologias inovadoras no processamento de sucos e
néctares, como é o caso da tecnologia de alta pressão, já empregada com
sucesso em países como Espanha, Estados Unidos e Japão.
Jornalista João Eugênio (MTb 19276)
Embrapa Agroindústria de Alimentos
Tel. 21 2410-9537