Peru quer melhorar qualidade do café

Em busca de aumentar a sua competitividade no mercado internacional, o Peru procura melhorar as técnicas de sua produção cafeeira, tendo em vista que um quintal (saca de 46 kg) do café gourmet pode atingir até US$ 2.000.

O Peru aspira obter a fama do café costarriquenho, o colombiano, ou o etíope, já que pode vangloriar de ser o maior produtor das variedades orgânicas de café.

O café peruano, fonte de renda de dois milhões de camponeses, é cultivado nas encostas das florestas tropicais, entre os 800 e 2.000 metros de altura, no declive oriental dos Andes.

Para Amilcar Buleje, representante da Junta Nacional de Café do país, a tendência a exportar cafés diferenciados cresce por uma questão de preços, o que beneficia principalmente os pequenos produtores.

“O café peruano tem melhorado muito nos últimos 4 anos, e desde então é até 10 vezes melhor. Agora poderia ser comparado com os cafés da Colômbia, Guatemala e Costa Rica”, disse em entrevista a Efe, o provador estadunidense Geoff Watts, que participa do IV Concurso Nacional de Cafés de Qualidade, que se acontece esta semana em Lima (Peru).

Watts, vice-presidente da empresa Intellingentsia, afirmou que “quando o café peruano é cultivado e madurado perfeitamente, se caracteriza por ter uma acidez delicada, um sabor floral e de uma só vez, florais e cítricos, como tangeria,” embora esta qualidade nem sempre seja a norma.

Apesar do café peruano ser reconhecido cada vez mais entre os especialistas mundiais, ainda está atrás dos grãos mais finos do planeta, como os da Colômbia e Costa Rica.

A Junta Nacional do Café do Peru tem reconhecido que a qualidade do seu produto apresenta “inconsistências” e que existe uma gestão inadequada nas plantações, assim como deficiências na estratégia para produzir grãos de alta qualidade.

Portanto, se o Peru quer ser reconhecido em 2015 como exportador de cafés finos, com a marca “Café do Peru”, deve erradicar a reputação que possuem seus grãos, considerados historicamente, por serem “suaves, simples e insípidos”, lembrou Watts.

Para conseguir uma excelência, os cafeicultores peruanos devem melhorar, entre outros aspectos, o cuidado da terra para que tenham bons nutrientes, o controle da fermentação e as técnicas de drenagem e armazenamento.

Peru tem previsto produzir este ano 958 mil sacas de café diferenciado, que incluem 406 mil do tipo orgânico, de acordo com dados da Junta.

Os cafés diferenciados, isto é, com algum valor acrescentado, reportaram este ano US$ 180 milhões de ganhos no Peru, quantidade que poderia aumentar se melhorar a produção.

Estes cafés “diferenciados” incluem não somente os orgânicos (livres de pesticidas e fertilizantes), mas os destinados ao chamado Comércio Justo, os cultivados por mulheres, os que têm selos tão curiosos como “procedente de florestas naturais” ou “amigáveis das aves”.

Para Watts, o caminho mais viável para o Peru, poderia ser a exportação de café orgânico que em 2007 alcançou os US$ 91,83 milhões em benefícios, 39% mais que em 2006.

“As práticas orgânicas tem que ver com a sustentabilidade do meio ambiente e a regeneração da terra a longo prazo sem usar fertilizantes”, disse o representante da Intelligentsia.

Entre os esforços para promover o café peruano está a realização do Concurso Nacional de Cafés de Qualidade, que reúne provadores nacionais e estrangeiros para eleger os 10 melhores grãos do país.

Um dos provadores nacionais, Alex Saco Molina, afirmou a Efe que o café do seu país tem melhorado na utilização de técnicas, no fortalecimento de uma cultura cafeeira e no reconhecimento ao sabor deste produto.

“Por isso cada vez mais aumenta a porcentagem (da produção) de cafés especiais (finos), porque se quer um bom preço, tem que entregar um café de boa qualidade”, acrescentou Saco.

As informações partem de agências internacionais, conforme noticiou o Café e Mercado.