Perspectiva para o café em 2010 – Para Armando Matielli – 2010 apesar dos baixos estoques dos países produtores e consumidores os preços não reagirão.

29 de dezembro de 2009 | Sem comentários Mais Café Opinião

Segunda, 28 Dezembro 2009 11:37

A cafeicultura vem padecendo pela inexistência de políticas/gestões privadas e públicas. No setor público não existe nenhuma regulação nos mecanismos de exportação e apoio financeiro com a utilização do FUNCAFÉ que beneficia os comerciantes/exportadores e cooperativas em detrimento aos produtores. As liberações são realizadas em tempo hábil para as cooperativas que utilizam os recursos para realizarem ancoragem de preço e estoque e, com isso não passam de meros preparadores de café para os exportadores, pois, infelizmente esse mecanismo de comercialização exposto é baseado principalmente na isenção tributária às cooperativas em 9,25%(PIS e FINSOCIAL) tolhendo o livre comércio através de corretores dos comerciantes independentes e maquinistas. Enquanto isso, as verbas do FUNCAFÉ são liberadas sempre atrasadas aos cafeicultores tanto no que se refere à colheita bem como aos custeios forçando-os a desfazer o café a qualquer preço frente às necessidades de pagamento de mão de obra e outros e, nesse quadro de pressão em cima dos cafeicultores ainda temos os vencimentos dos contratos de compras de insumos pelos cafeicultores junto as cooperativas com vencimento em agosto e setembro época essa totalmente inadequada, forçando-os a desfazer do café exatamente na época da colheita contrariando as disposições do manual de crédito rural que indica o prazo de 60 dias após a colheita para os devidos pagamentos que deveriam ocorrer em dezembro.


Outro ponto de estrangulamento é a total falta de um planejamento estratégico do Brasil perante o mercado internacional. Vejamos o caso do café arábica, mesmo com um markt share de 45%, sendo que no mês passado, novembro de 2009, chegamos a 57% continuamos a vender ó café arábica mais barato do mundo em relação aos nossos principais concorrentes sendo um abuso econômico e um dumping em cima dos cafeicultores. Isso caracteriza um ato criminoso tanto no aspecto nacional como internacional. Nesse ponto teremos que ter uma regulação nos mecanismos de exportações com o viés governamental.


Outro ponto de extrema importância é a fixação do preço mínimo atual de R$ 261,69, abaixo do custo de produção, que situa-se na casa dos R$ 320,00/saca. Isso também caracteriza um crime, pois, o próprio Estatuto da Terra indica uma margem de no mínimo 30% para o produtor e nesse caso teríamos um preço de venda na casa dos r$450,00/saca  enquanto os preços estão na faixa de R$ 270,00-280,00/saca.


Com toda essa sistemática imposta, após a extinção do IBC, e da ausência de qualquer mecanismo estratégico em prol da cafeicultura deixamos vazar pelo ralo da incompetência R$ 28 bilhões de reais nos últimos 13 anos. Valor esse extorquido dos cafeicultores em detrimento aos demais elos da cadeia.


Portanto, apesar dos baixos estoques dos países produtores e consumidores os preços não reagirão a contento e continuaremos a trabalhar mais um ano no vermelho se não resolvermos os pontos citados acima e, aqui a SINCAL trabalhará incansavelmente no intuito de mudar esses mecanismos anacrônicos que vive nossa cafeicultura.


Atenciosamente,




Armando Matielli

Engenheiro Agrônomo
Cafeicultor – Guapé/MG
Presidente Executivo da SINCAL

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