Perdas do café devem chegar a 20% Prejuízo é resultado na estiagem no sudoeste baiano entre dezembro e fevereiro

Por: Correio da Bahia por Adriana Patrocínio

A estiagem que castigou o sudoeste baiano durante mais de três meses não deve mais ameaçar as lavouras de café do estado este ano. Desde o mês passado, a chuva vem ajudando a mudar o cenário da região e a tranqüilizar os cafeicultores. Ainda assim, a falta de água ocorrida no período de dezembro a fevereiro deve resultar em perdas de pelo menos 20% nas plantações, segundo cálculos da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé). A produção deste ano no estado, cuja meta era de 2,2 milhões de sacas, dificilmente atingirá os 2 milhões.


“Com a volta das chuvas, há três semanas, a expectativa é que não haja mais perdas na safra 2006. Os índices pluviométricos estão satisfatórios em praticamente todas as regiões tradicionais de café do sudoeste, como Planalto da Conquista, Brejões e Chapada Diamantina”, comemora o presidente da Assocafé, Eduardo Salles. Até o concurso Qualidade Café da Bahia, que premia os melhores cafés do estado e estava ameaçado de não acontecer este ano por conta da crise, já foi confirmado: dia 28 de outubro, no Hotel Catussaba (Itapuã).


Salles explica que a crise na cafeicultura foi ainda mais grave porque a estiagem ocorreu na época da granação, que é a formação dos grãos, quando a necessidade de água é ainda maior. “Estamos atualmente na fase do enchimento dos grãos, que deve prosseguir até junho, para depois iniciar a colheita”, diz.


Mas nem tudo é motivo de comemoração. Segundo o presidente da Assocafé, o atual câmbio defasado, aliado aos custos elevados de produção, já representa um dos piores momentos da história da cafeicultura baiana. “Sempre lutamos para que o preço da nossa saca chegasse aos US$100. Atingimos esse patamar mas, além de o dólar estar muito em baixa, os custos de produção subiram bastante em real. A situação está muito difícil desde o final do ano passado, com alto índice de desemprego no campo e diversas fazendas sendo fechadas”, lamenta.

Eduardo Salles acusa ainda o governo federal de “não estar se sensibilizando com a situação da agropecuária no Nordeste”. Segundo ele, as esperanças do setor estavam depositadas no Projeto de Lei 142, que concedia aos agricultores nordestinos 25 anos para renegociação de suas dívidas, e já havia sido aprovado na Câmara e no Senado, mas foi vetado pelo presidente Lula.


“Cerca de 900 mil agricultores no Nordeste seriam beneficiados com esse projeto mas, em seu lugar, Lula editou, em março, a Medida Provisória 285, restringindo a renegociação somente para os financiamentos concedidos até o ano de 1998, originários do FNE (Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste), no valor máximo de R$50 mil e com prazo de apenas seis anos para renegociação. Isso restringiu muito o número de agricultores beneficiados”, protesta o presidente da Assocafé, atribuindo as dívidas ainda à “ausência de um seguro agrícola e aos planos econômicos mirabolantes”.

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