30/10/2013 Café da terra
Todas medidas adotadas até agora não surtiram efeito no mercado. Mesmo quem está segurando o estoque não tem fôlego para esperar por muito tempo, tendo que vender com prejuízo.
O produtor Sérgio Segantini Bronzi diz que há sacas de café em estoque, porém, o mercado está comprando apenas grãos de melhor qualidade. – É tanta oferta que o mercado está bem abastecido. Não conseguimos vender o café, e o preço está caindo a cada dia. O produtor precisa pagar as contas dos insumos do ano passado ainda. Estamos ficando descapitalizados e comprometendo a safra seguinte – diz Bronzi. Preços baixos devem refletir nas próximas safras com a redução nos tratos culturais das lavouras.
No Dia de Campo em Araguari, em Minas Gerais, técnicos e empresas buscam orientar e conquistar os cafeicultores com a proposta de reduzir a adubação química, aumentar o uso de produtos naturais e só aplicar o necessário. Segundo o agrônomo, Roberto Yukawa, gestão de custos é a palavra de ordem. – Através de análise de solo, é preciso fazer as recomendações necessárias, reduzindo, principalmente, potássio e carga de nitrogênio que seria uréia sulfato de amônia. No caso de potássio é importante que a pessoa esteja consciente e faça uma racionalização dos custos, senão, não vai fechar as contas e, logicamente, a atividade vai estar comprometida – destaca Yukawa.
A florada anuncia o próximo ciclo de produção, mas o ritmo de comercialização do café já em estoque é o mais lento dos últimos cinco anos. Segundo produtores, culpa dos preços que ficam em média R$ 100 abaixo do custo de produção. Os cafeicultores da região anunciaram que vão esperar a colheita da safra de 2014 para só então definir o futuro dos cafezais. A região deve colher em 2014 cerca de 800 mil sacas de café.
Segundo o presidente da Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA), Cláudio Garcia, parte das áreas de cafezais vão perder espaço para outras culturas. – Aqui nesta região vai ter muita erradicação. Como nós temos muito maracujá, o pessoal vai renovar com a fruta as lavouras, e muitos vão plantar soja – conta Garcia.
O cafeicultor José Astrogildo de Oliveira tem 15 hectares de café, e colheu 400 sacas. Oliveira diz que para não ficar endividado, precisou fazer a venda antecipada de 180 sacas a um preço de R$ 380, em fevereiro. O café que ainda está estocado, ele vai aguardar o tempo que for possível, na esperança de alguma reação do mercado. – O que deixamos para agora foi por água abaixo. Desse jeito não tem como. Podemos aguentar um ou dois meses, depois vamos ter que vender – diz o cafeicultor.
Fonte : Agnocafe