Em meio às grandes plantações de soja, algodão e milho, o assentamento Santo Antônio da Fartura, localizado em Campo Verde (139 km ao sul da Capital), é considerado o Cinturão Verde da Região Sul do Estado. De lá saem em média de 15 caminhões por dia de verduras e legumes para abastecer municípios como Rondonópolis, Campo Verde, Jaciara e Cuiabá. Agora, num projeto audacioso, os pequenos produtores se preparam para comercializar também produtos orgânicos. O que está sendo possível a partir de um trabalho do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso (Sebrae/MT) com o projeto de Desenvolvimento da Agroecologia em Pequenas Propriedades da Região Sudeste de Mato Grosso. A Prefeitura Municipal de Campo Verde, Secretaria de Estado de Agricultura e Fundação Banco do Brasil, fazem parte da parceria que também se estende aos assentamentos 14 de Agosto e 28 de Outubro, também localizados no município.
O produtor rural e um dos líderes dos assentados de Santo Antônio da Fartura (com 262 famílias), Roberto Mastro Pietro, diz que foram plantadas 15 variedades de morangos, das quais cinco se destacaram. Também há o cultivo de café, maracujá e banana, todos sem qualquer tipo de agrotóxico. “Já estamos comercializando 15 caixas de bananas por semana. Os pés de morangos até o final do ano já estarão produzindo. Quanto ao café, daqui a 2 anos cada dois pés estarão produzindo um saco. Ou seja, teremos um produto de qualidade e com boa produtividade”.
Natural de Rondonópolis (212 km de Cuiabá), Pietro está no assentamento há 12 anos, e disse sempre ter trabalhando no campo como empregado em fazendas. Hoje, de posse da sua terra, produz hortaliças, legumes, frutas e sustenta sua família. Uma de suas esperanças é com o café, pois plantou 800 pés e espera chegar no ano que vem com cinco mil.
A engenheira agrônoma Cynthia Justino, da Unidade de Agronegócios do Sebrae/MT, explica que o programa tem como objetivo aumentar a renda média familiar dos agricultores de produção agroecológica na região de Campo Verde em 25% até dezembro de 2010. Ela disse ainda que, com o apoio da Secretária de Agricultura do município, foi instalada uma agroindústria no local, prevista para entrar em funcionamento no segundo semestre. A agroindústria do milho terá capacidade para meia tonelada por dia e beneficiará 10 famílias diretamente.
A engenheira acrescentou ainda que alguns produtores do assentamento foram levados ao Portal da Amazônia para conhecer a realidade dos pequenos produtores da Cooperativa de Agricultores Ecológicos do Portal da Amazônia (Cooperagrepa), grupo que comercializa orgânicos no Norte do Estado e em vários pontos do país, além de exportar.
O assentado Sebastião Francisco Dorneles disse que pretende aproveitar o que a agroindústria pode lhe proporcionar. Ele produz hortaliças orgânicas. “Nosso objetivo é oferecer alguns produtos que os consumidores não encontram com facilidade nos mercados e por um preço melhor. Assim que estiver com autorização legal, pretendo criar galinhas caipiras, pois entendo que há mercado para isso”.