Pedro Mestrinier, da Coocacer, vence o Campeonato Brasileiro de Blends de Café 2024, promovido pela ABIC

Competição reuniu seis vencedores das etapas estaduais e premiou os três melhores

27 de novembro de 2024 | Sem comentários Cooperativas Mais Café

Entre os dias 20 e 22 de novembro, aconteceu a etapa final do Campeonato Brasileiro de Blends de Café edição 2024, na Semana Internacional do Café (SIC), no Expominas, em Belo Horizonte (MG). A competição, organizada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), premiou os três melhores profissionais de blend. Pedro Mestrinier, da Coocacer, foi o grande vencedor, e faturou o prêmio de R$ 7.000,00. Michele Loreto, do Global-Way Importex, ficou em segundo lugar e levou para casa R$ 4.000,00. Já Jovelino Maier, do Café Número Um, garantiu a terceira colocação, pela segunda vez consecutiva, e ficou com o prêmio de R$ 2.000,00. 

Representando a região de Araguari, em Minas Gerais, o masterblender Pedro Mestrinier celebrou a conquista e falou sobre a importância de levar o troféu para a região do Cerrado Mineiro. “Foi uma experiência muito enriquecedora. Aprendi bastante com os meus colegas de competição e vou levar isso para a vida. Ganhar esse troféu é uma felicidade enorme. Representar a minha região significa muito, pois ela é responsável por elevar bastante o nível dos cafés”, compartilhou. O profissional fez um blend com 20% de café canéfora e 80% de arábica.

Representação feminina

Já a segunda colocada, Michele Loreto, representou não apenas a região de Curitiba, no Paraná, como também, as mulheres na competição. Única finalista do gênero feminino, a competidora utilizou 50% de café arábica natural, 40% de arábica CD, 5% de arábica fermentado e 5% de canéfora fermentado em seu blend. “Estou muito feliz com o resultado. Para mim, significa muito representar as mulheres nessa competição, pois estamos acostumados a ver, majoritariamente, apenas homens. Espero que eu sirva de inspiração para mais mulheres se inscreverem nas próximas edições”, destacou.

Morador de Vitória, no Espírito Santo, Jovelino Maier, comemorou a conquista do bicampeonato do terceiro lugar. “Participar da competição é uma responsabilidade muito grande porque a minha região tem muito produtor bom e inúmeros especializados em café. Eu não esperava ficar entre os três primeiros colocados novamente, pois o nível da competição estava muito alto. Mas é uma alegria indescritível conseguir manter um nível bem alto e levar o prêmio para casa. No ano que vem, pretendo me inscrever de novo”, afirmou. Maier preparou um blend com 40% de arábica fermentado, 40% de arábica CD e 20% do conilon CD. 

O campeonato, realizado no estande da ABIC em parceria com o Sindicato da Indústria de Café do Estado de MG (SINDICAFÉ/MG), reuniu os seis vencedores das etapas estaduais realizadas ao longo do ano. Além dos premiados, participaram também: Lucas Venturim, do Café Fazenda Venturim, e Leonardo Machado, da Hub Natural Cafés Brasileiros, campeões da etapa Espírito Santo, e Rodrigo de Souza Alves, da Soul Mantiqueira, vencedor da etapa Minas Gerais ao lado de Pedro.

O resultado veio a partir de uma nota conjunta entre o júri e os participantes da SIC. A avaliação dos jurados técnicos, realizada no segundo dia de evento, representou 70% da escolha, enquanto a votação do público presente no evento, feita no último dia, equivaleu aos 30%.

Participação da ABIC na SIC

Além do Campeonato, a Associação participou de algumas ações durante o evento. No primeiro dia de encontro, Celírio Inácio, Diretor Executivo da ABIC, foi um dos palestrantes e integrou o painel “O Impacto das Megatendências no Consumo de Café”, na Sala Conexão, ao lado de Lauro Ré, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da 3Corações, e Stefan Dierks, Diretor de Estratégia de Sustentabilidade do Grupo Melita da Alemanha. A mediação foi feita por Caio Fontes, Diretor da Espresso&CO.

Durante o encontro, Inácio falou sobre a atuação da ABIC no quesito sustentabilidade e apresentou dados sobre o comportamento dos consumidores. “Hoje, existe uma grande busca pela saudabilidade e o bem-estar: 52% dos compradores acreditam que serão mais saudáveis nos próximos cinco anos. Com isso, as empresas entenderam que não adianta oferecer só o café que tomávamos todos os dias de manhã, agora, existe café pré-treino e com outras características específicas para a rotina. Os consumidores querem saber mais sobre o café e enxergam a bebida como opção para diferentes momentos de consumo”, destacou. 

Outro ponto levantado pelo Diretor Executivo da ABIC foi a rastreabilidade e a praticidade. “O consumidor está cada vez mais exigente. Ele quer saber a origem daquele produto e acompanhar todas as etapas por onde ele passou, além de desejar a conveniência. A nossa vida está cada vez mais corrida e nós precisamos de algo prático e de qualidade. Por isso, temos café em cápsula e o drip coffee, por exemplo. Mas é importante lembrar que qualquer produto precisa de uma certificação que atenda às exigências atuais”, explicou o Diretor Executivo da ABIC.

Por fim, Inácio explicou como funciona a mecânica da Certificação de Qualidade ABIC, assim como o processo de análise laboratorial da pureza do café e a iniciativa da Gôndola Certificada, que traz uma nova forma de disposição do café nos supermercados e, consequentemente, um jeito diferente de se comunicar com o consumidor.

Economia circular em pauta

Além disso, no dia 22, Christianne Monteiro, Coordenadora de Projetos e Sustentabilidade da ABIC, participou do painel “Economia Circular: da semente à xícara”, promovido pela Sociedade Rural Brasileira (SRB). A profissional dividiu a mesa com Eduardo Sampaio, Consultor Sênior da Plataforma Global do Café, Eduardo Melo, Presidente do Consórcio Cerrado das Águas, e Cafeicultor da Fazenda Três Meninas, Bruno Ribeiro, Consultor de Sustentabilidade da JDE Peet’s, e Luiz Grilo, Fundador da Yattó.

Na ocasião, Christianne explicou o que é a economia circular e fez um panorama sobre como as empresas estão atuando para um mundo mais sustentável. “A economia circular exige a participação dos setores público e privado e da sociedade. É preciso uma força tarefa para transformar esse modelo econômico mais sustentável. Antes, a indústria comprava a matéria-prima sem olhar para os cuidados com a sustentabilidade, produzia e distribuía para o consumidor, que, por sua vez, comprava, consumia e descartava a embalagem sem ter nenhum cuidado. Com o passar do tempo, aumentou a preocupação tanto da indústria quanto dos consumidores quanto à prática sustentável e o que será feito com as embalagens pós-consumo”, contextualizou. 

A ABIC tem como um dos seus pilares a questão da sustentabilidade e desenvolve iniciativas em prol do meio ambiente desde 2007, quando pouco se falava sobre o tema de forma geral. Em 2019, a Associação passou a trabalhar com a logística reversa a fim de estimular os associados com o descarte adequado das embalagens de café pós-consumo.

“Em 2023, a ABIC recuperou 8.350 mil toneladas de embalagens de café flexíveis através da logística reversa. Já em cápsulas, em parceria com o Yattó, projeto no Paraná, foi recuperado, de 2023 até agora, três toneladas. As embalagens podem ser transformadas em madeiras plásticas para fazer bancos, pallets e demais utensílios que podem ficar em ambientes internos ou externos, por exemplo”, compartilhou Christianne.

Através do “Recicle! É tudo de bom”, a Associação contribuiu para transformar mais de 400 mil embalagens flexíveis de café pós-consumo em madeira plástica. A madeira foi doada para o Centro de Educação Ambiental (CEAC) de Caconde, interior de São Paulo, com o objetivo de criar um centro educacional de capacitação para produtores rurais. 

De olho no protocolo

Ainda no último dia do encontro, a ABIC promoveu a palestra “Cafeteria Modelo: Protocolo Brasileiro de Avaliação Sensorial de Café Torrado”, ministrada por Aline Marotti, Coordenadora de Qualidade da ABIC, e Camila Arcanjo, Consultora em Qualidade da ABIC.

Durante o encontro, as especialistas fizeram uma breve apresentação sobre o papel da ABIC e as certificações criadas pela instituição. “Esse Protocolo traz uma atualização da metodologia utilizada para a avaliação dos cafés torrados, abordando as categorias de cafés torrados existentes no mercado brasileiro. O objetivo é sempre renovar, melhorar a qualidade e ter foco 100% no consumidor. Ele está sendo registrado na ABNT. Fechamos a validação e agora vai à consulta pública, o que deve ser aprovado em março de 2025. É uma conquista muito grande para nós, um reconhecimento. No início do próximo ano, a ABIC vai disponibilizar um aplicativo que permitirá que o próprio torrador possa colocar as características do seu café e categorizá-lo no estilo indicado”, compartilhou Aline.

Com o protocolo, houve a inclusão de novos atributos (como doçura e amargor) e novos descritores (notas sensoriais como chocolate, amendoado etc.) na ficha técnica. Houve, também, o desenvolvimento de um algoritmo para a avaliação sensorial (através de um cálculo da categoria) e o início do trabalho dos estilos do café (Tradicional, Extraforte, Superior, Gourmet e Especial), com foco na definição do perfil sensorial de cada bebida, não estando atrelado a uma ordem ou classe.

Ainda durante a apresentação, as profissionais prepararam uma degustação de dois cafés para os participantes analisarem as características de cada estilo. Junto às provas, foi distribuída uma ficha de anotações para que o público pudesse apontar suas percepções sobre as amostras.  

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