REGIONAL
30/06/2008
Projeto quer inovar agropecuária
Os empresários do setor agropecuário vão colocar em prática, a partir deste ano, um projeto que pretende revolucionar o setor e, de quebra, promover o chamado desenvolvimento sustentável, diminuindo as pressões ambientais na região amazônica. O projeto “Preservar Consolidação da Fronteira Aberta e Compromisso com Desmatamento Zero” foi apresentado pelo presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Carlos Xavier, à governadora Ana Júlia Carepa, durante reunião do Fórum Paraense de Competitividade, criado pelo governo do Estado e que reúne o poder público e a iniciativa privada.
Com recursos na ordem de R$ 100 milhões, para serem gastos em 20 anos, o projeto é, na avaliação de Carlos Xavier, a adoção de um novo paradigma para o agronegócio paraense. “O programa é totalmente baseado na inovação tecnológica, com desmatamento zero, trazendo para o nosso Estado o modelo de pecuária intensiva. Teremos o trabalho de reverter uma área de 14 milhões de hectares, que hoje serve para a pastagem do gado, para a agricultura”, explicou Xavier.
Estes 14 milhões de hectares serão divididos em vários segmentos do setor agro- pecuário. Serão 4 milhões de hectares para florestas, 3 milhões para o plantio de grãos, 3 milhões para as palmáceas (dendê, babaçu), 1,7 milhão para a mandioca, 900 mil para a fruticultura, 400 mil para o cacau, 50 mil para o café, 50 mil para a pimenta do reino, 100 mil para os citros (laranja, limão, tangerina), e outros 800 mil hectares para o plantio diversificado de plantas voltadas ao biocombustível. Os recursos serão provenientes do Fundo de Fomento ao Desenvolvimento Sustentável, cuja criação ocorrerá ainda este ano, após outras rodadas de discussões envolvendo empresários e trabalhadores do setor.
“Sem dúvida, é um projeto ousado e estamos dispostos a colocá-lo em prática, porém, quem estiver envolvido terá que fazer a sua parte para que haja um ótimo resultado”, explicou Xavier.
NÚMEROS
Com um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de R$ 5 bilhões no Pará, todo o setor de agronegócio vive um momento de expansão. Isso porque só na agricultura, o último resultado estadual do PIB, que deu R$ 1 bilhão, configurou-se em um crescimento de 9,3%. Na pecuária, cujo PIB estadual isolado é de 3 bilhões, o crescimento foi de 2,8%. Aliado a esta elevação nos negócios, as perspectivas do presidente da Faepa, Carlos Xavier, são as melhores possíveis tanto para os mercados internos, brasileiro e do exterior.
As exportações do setor em 2007 chegaram à cifra de US$ 1,5 bilhão, gerando um crescimento na ordem de 20%. Entre os destinos das exportações, o maior mercado é o da União Européia, que foi responsável por 48% das compras feitas, seguido da Alca (36%), países asiáticos (6%), além de outros 10% divididos para os demais continentes. Os produtos florestais foram responsáveis por 73% das exportações, seguido dos sucos e frutas com 9%, pescado com 5%, animais vivos com 4%, couros e peles com 2%, soja com 2% e outros pequenos produtos agregados, que juntos somaram 5% de todas as exportações do setor de agronegócio.
Apesar do otimismo, Xavier deixa claro que muitos problemas ainda precisam ser resolvidos, com destaque o crédito rural complicado, a legislação ambiental complexa, a criação desenfreada de Unidades de Conservação, além de problemas mais comuns como titulação, desapropriação sem indenização e invasões. O presidente da Faepa disse ainda que será necessário o governo investir em logística, eletrificação rural, sistema de comunicação, além de locais de armazenamento dos produtos.
Xavier acrescentou que o rebanho bovino paraense é o quarto maior do Brasil, com 20 milhões de cabeças. Na pecuária leiteira, ele comentou que o Pará produziu, só ano passado, 416,9 milhões de litros de leite e que esta cadeia produtiva já tem produtos como leite in natura, leite pasteurizado em pó, doce de leite, manteiga, iogurte, bebidas lácteas e queijos. Na mandioca, a produção chegou a 5 milhões de toneladas, o que corresponde 19% da produção nacional. No cacau, a produção chegou a 36,5 mil toneladas, ou seja, 17% da produção nacional. Já nos grãos, a produção total chegou a 1,2 milhão de toneladas, com destaque para a soja, 209 mil toneladas; o milho, 576 mil toneladas; o arroz, 398 mil toneladas e o feijão, 63 mil toneladas.