15/04/15
As perspectivas de expansão das exportações brasileiras são melhores na União Europeia (UE) e nos Estados Unidos do que na China em 2015, sinaliza Coleman Nee, um dos principais economistas da Organização Mundial do Comércio (OMC). A avaliação ocorre no rastro dos resultados de 2014, quando o Brasil teve a maior queda nas exportações entre as grandes economias. O país caiu três posições no ranking de maiores exportadores (de 22o para 25o) e a participação no comércio global passou de 1,3% para 1,2% do total.
Para Roberto Azevêdo, diretor geral da OMC, a baixa de preços das commodities pode continuar atingindo as cifras do comércio do Brasil e de outros exportadores no futuro próximo.
Nee observa que as importações da China enfraqueceram e Pequim vai importar menos minério de ferro e metais, por exemplo. O que pode contrabalançar é a esperada retomada, mesmo modesta, na Europa e nos EUA. ”Mesmo essa demanda será bastante fraca, porque o desemprego na Europa continuará acima de 10%”, afirmou.
Com relação ao comércio na América Latina, os exportadores brasileiros também terão menos possibilidades, segundo Nee, considerando que a Argentina continua em crise econômica e a Venezuela tem sido afetada pela crise do petróleo.
Em 2014, o valor das exportações brasileiras declinou 7%, com a degringolada dos preços de commodities, que não foi compensada pelo setor industrial com problema de competitividade. A queda ocorreu também em volume (ajustado pela inflação e câmbio), de 1,8%. As importações caíram 5% em valor e 2,8% em volume.
As vendas para a UE, principal importador de produtos brasileiros (18,65% do total), baixaram 11,9%. As exportações para a China (segundo parceiro, com 18,04% ) caíram 11,7% e para a Argentina, 27,2%. Para os EUA (12% do total exportado), houve alta de 9,6%.
Pelas projeções da OMC, as importações da América do Norte e da Ásia podem aumentar este ano cerca de 5%, enquanto na Europa o crescimento das compras no exterior fica em 2,7%.
As perspectivas para a China são mais incertas. O crescimento chinês de pouco mais de 7% é a mais fraca taxa em 24 anos e as autoridades chinesas revisaram para baixo as metas de produção. Em 2014, as importações globais da China em volume caíram 3,9%. Para a OMC, a demanda chinesa deve se estabilizar, e não acelerar, em 2015.
Para este ano, as perspectivas continuam sombrias para o Brasil e o resto da região. Para a OMC, as exportações da América do Sul e Central devem subir apenas 0,2% em 2015, depois de ter sofrido contração de 2,5% no ano passado. Do lado das importações, em 2014 houve contração de 3% e a expectativa é de nova queda de 0,5% neste ano, ilustrando a que ponto as economias das duas regiões têm desacelerado, sob impacto da recessão no Brasil.
A queda do dólar e dos preços de commodities têm afetado as transações internacionais, com evidente impacto na balança comercial de emergentes importantes como o Brasil.
A OMC menciona recentes pesquisas entre empresários sobre a atividade econômica, que apontam para recuperação este ano na União Europeia, crescimento moderado nos EUA e atividade ainda frágil em alguns emergentes, particularmente Brasil e Rússia.
A entidade aponta mais riscos à frente. O mais proeminente deles é a divergência de políticas monetárias nos EUA e na zona do euro. O governo americano planeja aumentar os juros este ano, enquanto os europeus começaram seu programa de maior liquidez e dinheiro mais barato.