TEMPO REAL
26/05/2009
Para Illy, ciclo de “preços baixos” no café está se invertendo
15h09
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – A temporada 2009/10 será mais uma de déficit no balanço de oferta e demanda de café no mundo, o que indica que o mercado deve passar a ter uma tendência de alta de preços, avaliou o presidente da Illycaffe, Andrea Illy.
“Nesta safra, a de ciclo baixo no Brasil, novamente vamos encontrar uma situação de déficit. Acho que os estoques (globais) vão atingir menos de 40 milhões de sacas, 36 milhões, que é cerca de três meses de consumo, uma situação de fundamentos muito, muito tensa”, afirmou Illy, na noite de segunda-feira, momentos antes do Coffee Dinner, evento promovido pelos exportadores brasileiros em São Paulo.
Ele acrescentou que, se houver algum problema climático, “é provável que os preços comecem a subir muito”.
“Acho que o ciclo de preços baixos está se invertendo, é preciso aumentar um pouco a produção”, destacou a jornalistas.
Illy afirmou que a safra 09/10 do Brasil, maior produtor e exportador mundial, deverá ficar entre 42 e 44 milhões de sacas, volume superior à estimativa oficial do Ministério da Agricultura, de 39 milhões de sacas.
Em abril, Illy havia previsto a safra brasileira 09/10, cuja colheita está começando no Sul de Minas Gerais, em um intervalo menor, de 40 a 42 milhões de sacas.
A torrefadora italiana de cafés de alta qualidade, que processa anualmente 350 mil sacas, das quais 250 mil de arábica brasileiro, avalia que a safra 2008/09 também está terminando com um déficit global, especialmente por problemas verificados na Colômbia e Vietnã, apesar de uma grande produção brasileira, de 52 milhões de sacas, em sua avaliação.
O Ministério da Agricultura do Brasil estima a safra 08/09, ano de alta no ciclo do arábica, em 46 milhões de sacas.
Para Illy, o Brasil deverá produzir na sua próxima safra de alta no ciclo, em 2010/11, algo entre 52 e 55 milhões de sacas, o que seria um recorde.
CONSUMO
De acordo com Illy, o consumo mundial de café deverá crescer 1 por cento neste ano, acompanhando o crescimento demográfico global.
Uma queda no consumo em “coffee shops”, restaurantes e hotéis, por causa da crise global, deve ser compensado por mais pessoas bebendo café em suas casas e escritórios, observou, lembrando que o desempenho da companhia vai bem em países da Europa, como a Alemanha, e também nos Estados Unidos.
Ele vê o mercado asiático, onde suas atividades estão começando, como muito promissor. “Se a fase de introdução é bem feita, pode gerar bons frutos no ano que vem… Estamos abrindo lojas na China, Japão e Coreia.”
A Illy, cujo faturamento cresceu 3 por cento em 2008, para 280 milhões de euros, ainda não tem previsões para 2009.
“Vamos ver como se desenvolve a crise, vai depender muito da segunda parte do ano, poderia ser um ano de crescimento”, disse ele, referindo-se a uma série de novos produtos lançados pela empresa.
“Pode cortar custos, mas não muito. Não tem outra solução, diante do aumento de custos, aumentar os preços”, declarou ele, lembrando que a empresa prima por blends de qualidade e não cogitou adquirir cafés mais baratos para reduzir custos.
Questionado sobre o alto custo do produto colombiano atualmente, ele afirmou que a Illy não é uma empresa “de volume, mas de qualidade”, e que paga os preços que tiverem de ser pagos para manter o seu café no mesmo nível qualitativo.
(Edição de Marcelo Teixeira)