Para evitar falência, Terra Forte perde recuperação judicial com dívidas estimadas em R$ 1,05 bilhão

O Grupo Terra Forte, que abrange a importadora e exportadora de café Terra Forte, teve seu pedido de recuperação deferido pela 1ª Vara Cível – Foro de Campinas.

10/04/2019 A informação foi confirmada pelo escritório que representa a empresa. A medida seria uma alternativa para evitar falência com dívidas estimadas em R$ 1,05 bilhão.

Conforme reportado no final da semana passada com exclusividade pelo Notícias Agrícolas, as quedas nos preços do café contribuíram para o cenário atual da empresa. A Terra Forte negociou contratos de venda futura com o grão em cerca de R$ 550,00, mas os preços atuais estão próximos de R$ 350,00.

“Agora, com o deferimento, a empresa tem 60 dias para apresentar um plano de recuperação judicial apontando como quitará suas dívidas e depois tem mais 180 dias para realizar uma assembleia para aprovação desse plano”, disse Gabriel Freire, sócio do escritório Freire, Assis, Sakamoto e Violante Advogados, que representa a empresa.

Freire explica ainda que a instabilidade política e econômica no país no ano passado também contribuiu para os problemas financeiros da empresa, pois acabou elevando os passivos. Os principais credores são o Bradesco, com R$ 140 milhões, Banco do Brasil, com 120 milhões, e o Banco Cargill, com 110 milhões.

Os advogados também disseram que a exportadora busca levantar com investidores 60 milhões de reais em capital de giro de curto prazo para manter operações.

A Terra Forte é conhecida do mercado internacional de café. Sediada em São João da Boa Vista (SP), a empresa tem instalações em Poços de Caldas (MG), importante área produtora, e Santos (SP), maior porto exportador do produto no Brasil.

Alguns operadores de Londres disseram nos últimos dias terem ouvido que a Terra Forte enfrentava problemas para cumprir contratos com importadores europeus, o que, segundo eles, foi uma das razões para o movimento de cobertura de vendidos nas últimas sessões do mercado cafeeiro.

A exportadora tem uma capacidade de embarcar cerca de 2,5 milhões de sacas de café verde por ano, e estava entre as cinco maiores participantes do mercado exportador brasileiro.

Uma porta-voz da sede da Terra Forte, em São João da Boa Vista, disse à Reuters nesta quarta-feira que a empresa não comentaria.

O escritório de advocacia que cuida do pedido de recuperação judicial divulgou uma nota curta, na qual afirma que a exportadora estava à procura de suporte financeiro para manter operações, esperando levantar capital de investidores a curto prazo, enquanto tenta renegociar suas grandes dívidas.

“Num segundo momento, com a conclusão da reestruturação, o objetivo do Grupo Terra Forte é buscar um sócio estratégico no mercado”, afirmou a nota.

O pedido de recuperação judicial da Terra Forte vem à medida que o preço de referência do café arábica, no mercado de Nova York, ronda seus menores níveis em 13 anos, com produtores de todo o mundo reclamando que os valores de venda estão abaixo dos custos de produção.

A ideia da Terra Forte é captar investimentos após o pedido, mas a venda de ativos não está descartada. “A Terra Forte não está quebrada, tanto é que ela não tem problemas crônicos trabalhistas. A medida foi tomada para proteger a atividade operacional”, pondera Freire.

A Terra Forte é uma das maiores exportadoras de café do Brasil, com cerca de 2,5 milhões de sacas ao ano, segundo o site oficial. É a primeira no ranking do CeCafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) com fatia de 6,5% de todo o café exportado pelo país.

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícia Agrícolas/Reuters

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