28/11/2018 Criada em 2015 para atuar na exportação de cafés de alta qualidade produzidos no cinturão cafeeiro da região do Trópico de Capricórnio, a Capricornio Coffees está expandindo suas fronteiras.
Há aproximadamente um ano, a empresa dos sócios José Antônio Rezende, Luiz Roberto Saldanha Rodrigues e Edgard Bressani está trabalhando também com café arábica produzido em Garça, em Marília, no Circuito das Águas Paulista, na Alta Mogiana – regiões do Estado de São Paulo – e no chamado Norte Novo do Paraná.
Inicialmente, a empresa atuava na Sorocabana, em São Paulo, e no Norte Pioneiro do Paraná, regiões onde estão 69 cidades que produzem café. Agora, com negócios para além das fronteiras do cinturão do Trópico de Capricórnio, a exportadora atua nem uma área com cerca de 100 cidades com cultivo do grão, segundo Bressani, que chegou à empresa em 2016.
A Capricornio exporta cafés produzidos em fazendas de um de seus sócios, de parceiros das regiões onde está presente e também de terceiros. Eram 11 fornecedores fixos antes da expansão, número que cresceu para 20 desde então. Entre eles está a Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária Norte Pioneiro (Coanop), de São Jerônimo da Serra.
Bressani gosta de lembrar que a empresa não é apenas uma exportadora de cafés. Além disso, dá assistência agronômica e orientação aos produtores parceiros sobre boas práticas agrícolas e técnicas de pós-colheita, dentro de um projeto chamado Quatro Estações. Provadores da Capricornio também fazem um trabalho de controle de qualidade do café a ser comercializado.
Os Estados de São Paulo e do Paraná produzem cerca de 6 milhões de sacas de café arábica por ano, e Bressani estima que 700 mil a 800 mil sacas sejam de cafés de qualidade. A Capricornio abocanha um pedaço ainda pequeno desse volume de cafés especiais produzidos nos dois Estados. Mas o número é crescente.
Segundo Bressani, em 2016, a empresa comercializou 30 mil sacas, no ano seguinte foram 45 mil e em 2018 devem ser 60 mil sacas, sendo cerca de 50 mil para exportação. A meta para o ano que vem é ampliar os volumes em 20%.
Ter mais volumes de grãos de qualidade disponíveis para negociar foi que o levou a Capricornio a expandir sua área de atuação. E uma das razões para a estratégia de avançar no Paraná chama a atenção. O Estado já foi um dos maiores produtores de café do Brasil, mas teve sua produção quase dizimada em meados dos anos 1970 por causa de geadas. As mudanças climáticas, no entanto, tendem a ampliar a importância do Estado na produção de café, afirma Bressani.
A razão é que essas mudanças significam clima mais ameno, chuvas mais bem distribuídas e menor risco de geadas, explica. Além disso, a intenção também é "promover o terroir" local, num resgate dos cafés dessa região.
Todos os fornecedores da Capricornio precisam atender a alguns requisitos, como ter boas práticas agrícolas, produção sustentável do ponto de vista socioambiental, qualidade e ter certificação – ou estar em processo de – de entidades como a BSCA (Brazil Specialty Coffee Association), Rainforest Alliance e UTZ Certified. Afora isso, os cafés, que têm como destino países como Austrália, Itália, EUA, Eslováquia, Japão, Coreia e China, devem ter pontuação acima de 80, conforme os critérios do protocolo de avaliação da Associação Americana de Cafés Especiais.
São esses diferenciais que garantem aos cafés de qualidade prêmios em relação ao grão convencional. Hoje, segundo Bressani, o preço de cafés de qualidade varia de R$ 800 a R$ 2 mil por saca. Ontem, o indicador Cepea/Esalq para o café arábica ficou em XX.
Por Alda do Amaral Rocha | De São Paulo
Fonte : Valor