País é referência na relação entre café e saúde

Publicação: 28/11/06

28 de novembro de 2006 | Sem comentários Café & Saúde Mais Café
Por: Jornal: DCI

O sucesso do setor cafeeiro do Brasil em aumentar o consumo do produto, usando como uma de suas estratégias o benefício do produto para a saúde, já está sendo exportado: a pedido da Organização Internacional do Café (OIC), a consultoria brasileira P&A Marketing Internacional realizou um trabalho com sugestões para incentivar o hábito de consumir o produto, que será adotado pela OIC, de imediato, na Índia, Indonésia e México.


O consultor da P&A Edgard Bressani lembra que os benefícios do café para a saúde são ponto importante na conquista do consumidor brasileiro: pesquisa da InterScience, contratada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), mostrou que o índice de não consumidores da bebida no País continua caindo, de 7% em 2005 para 6% em 2006. “O café é muitas vezes colocado como vilão, mas o chá preto, por exemplo, tem três vezes mais cafeína”, lembra o diretor de Marketing da Associação de Cafés Especiais da Alta Mogiana (AMSC, na sigla em inglês), João Guilherme Pires Martins. O executivo é também o diretor-geral da Octávio Cafés Especiais, de Pedregulho (SP).


Martins acredita que o consumidor está de fato quebrando o paradigma de que o café faz mal à saúde e ressalta que a AMSC está apoiando a Abic e outras associações que trabalham para divulgar os benefícios do café. “Essa associação de café e saúde é mais uma ferramenta de marketing saudável. A dose é que faz de cada substância um veneno ou um remédio”, opina o diretor da AMSC. Quebrando resistências Com na experiência bem-sucedida do Brasil nessa área, a OIC apostou na campanha realizada pelo País para disseminar o consumo do produto em áreas que ainda são resistentes. “No México, por exemplo, há uma forte resistência dos médicos ao café. No Brasil, isso foi resolvido com pesquisas e um forte marketing sobre a comunidade médica, e é isso que será preciso no caso mexicano”, diz Bressani, da P&A. Na Índia, a restrição é mais cultural.


O desafio proposto pela OIC à P&A foi responder a pergunta: como elevar o consumo de café no mundo, começando pelos países que são grandes produtores mas não grandes consumidores? O projeto tornou-se o “Guia para promoção do consumo de café em países produtores”, baseado nas pesquisas da consultoria nos três países. O documento afirma que o tema café e saúde deve ser suporte a qualquer estratégia de promoção de consumo. Entre os desafios para o café crescer em novas regiões está atingir o público de países onde há elevado consumo de chá, especialmente na Ásia.


Bressani antevê que uma barreira a esse crescimento será a percepção equivocada nesses países de que o chá faz bem à saúde, ante as incertezas quanto ao café, um produto pouco conhecido. A proposta da consultoria brasileira apresentada à OIC foi adentrar esses mercados pelo café solúvel. A idéia é que a apresentação desse produto é semelhante à do chá, pois facilita o consumo individual e utiliza apenas a água quente para ser preparado, assim como o chá. Do diabetes à depressão Pesquisas recentes apontam que o café pode ajudar na prevenção de doenças nos seres humanos, como câncer, mal de Parkinson, Alzheimer, alcoolismo, depressão, entre outras. Segundo o doutor Darcy Lima, professor do Instituto de Neurologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e coordenador da área de pesquisa da Abic, “o café é comprovadamente um poderoso agente contra diferentes tipos de enfermidades”, diz ele.


No caso do diabetes tipo II, por exemplo, o especialista afirma que o consumo regular de café reduz em 30% a chance de se ter a doença. “Consumir até seis xícaras de café previne o surgimento do diabetes tipo II, não devido a cafeína, mas sim aos ácidos clorogênicos, seus metabólitos, entre outras substâncias”, diz Lima. Contrariando o que se pensava, de que o café poderia causar câncer, pesquisas mostram que o consumo moderado do café auxilia, na verdade, a combater o surgimento da enfermidade, como o de cólon, o de mama e o de próstata. “Pesquisadores japoneses e holandeses já provaram que existe uma redução de até 10% na incidência de alguns tipos de câncer em consumidores de café”, conta Lima.


As doenças cardiovasculares também podem ser prevenidas com a ingestão do café, segundo o doutor. “Antes, cardiologistas achavam que o café era apenas cafeína, desconhecendo que a bebida contém sais minerais, ácidos clorogênicos e vitamina PP. Na atualidade, evidências científicas permitem classificar o café como uma planta funcional nutracêutica”, diz ele. Apesar do aspecto positivo em torno do consumo do café, Lima ressalta que “o café não é remédio”. “O consumo diário de quatro xícaras de café não causa doenças em pessoas normais e saudáveis. Mas pessoas que possuem doenças como gastrite, úlcera péptica, arritmias cardíacas e hipertensão arterial devem ter cuidado”, afirma ele.


Com o Instituto do Coração Na tentativa de descobrir maneiras de se prevenir doenças cardiovasculares por meio do café, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) juntamente com o Incor (Instituto do Coração), firmaram um projeto de pesquisa de 10 anos que terá início em 2007. “A perspectiva de investimento é de 1 milhão e 700 mil reais ao ano em estudos e desenvolvimento de cafés cada vez melhores”, afirma a pesquisadora Alba Chiesse da Silva, da Embrapa. Segundo o doutor Luiz Antônio Machado César, coordenador da Unidade de Pesquisa Café-Coração, do Incor, “resultados de pesquisas internacionais justificam a importância dessa iniciativa no Brasil, tanto do ponto de vista de saúde pública quanto no aspecto econômico”, afirma ele.


Os estudos incluirão pesquisas em voluntários sadios, em portadores de doenças cardiovasculares e em diabéticos. Serão observados os efeitos no coração e em várias substâncias do sangue se utilizando variados tipos de café, como o filtrado, o fervido, o solúvel, o expresso e o descafeinado. Além disso, segundo Machado César, “a Unidade de Pesquisa Café-Coração do Incor atuará em sistema de intercâmbio, contribuindo para projetos de pesquisas internacionais, em parceria com o Institute for Coffee Studies da Universidade de Vanderbilt, Tenessee, nos Estados Unidos”, completa ele.

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