Natural da cidade de Les Sables-d”Ollone, o francês Guillaume Petitgas mantém fortes laços com o Brasil. Casado com uma brasiliense, ele também se declara apaixonado pelo país onde decidiu viver há dois anos e meio.
Petitgas é um dos muitos empreendedores de outros países que decidiram emigrar para o Brasil, montar um pequeno negócio e contribuir para a geração de emprego e renda. Há quase dois anos ele e a esposa, Thaís, estão à frente da La Boulangerie (padaria em francês), localizada na Asa Sul em Brasília.
De terça-feira a domingo, o movimento não pára na Boulangerie, que recebe, em média, 300 clientes por dia, em busca de uma linha de 27 produtos que inclui o célebre croissant, pães preparados com amêndoas e chocolate, a tradicional baguete, café com leite e outras iguarias.
O cliente pode comprar os produtos e levar para casa ou, se preferir, sentar-se e consumir no próprio local seu café da manhã. Há até um pequeno carrinho com livros e revistas à disposição do cliente para que ele possa desfrutar de uma leitura durante a refeição.
Guillaume credita o sucesso do sabor de suas receitas à sua longa experiência profissional. Trabalha desde os 15 anos com pão e, em seu país natal, estudou o curso superior de panificação. Em 2004, o jovem veio para Brasília para uma temporada de seis meses, em que trabalhou no café do seu conterrâneo Daniel Briand. Lá conheceu sua futura esposa, cliente do café.
Thaís e Guillaume se casaram e foram morar na França, mas terminaram decidindo viver na capital do Brasil. “Minha esposa é brasiliense e estuda Letras na Universidade de Brasília (UnB)”, conta. O casal tem um filho de três meses, Adriano.
Guillaume afirma que sente grande entusiasmo pelo Brasil e por seu povo, o que o estimulou a investir suas economias e a montar um pequeno negócio no país. “Aqui as pessoas são muito legais. Eu adoro viajar pelo Brasil. Já conheci o interior de Minas, de Goiás e de São Paulo e também o litoral do Nordeste”, revela.
Em março de 2007, Guillaume e Thaís inauguraram a Boulangerie. No começo, havia apenas um funcionário na loja. Hoje, são 15, e a panificadora de estilo francês, além da clientela que recebe na loja, vende seus produtos para vários restaurantes de Brasília.
O empresário acredita que trouxe para a cidade uma forma diferente de produzir pão. “As padarias no Brasil têm mais influência dos italianos e dos portugueses”, observa.
Guillaume também aproveita para falar sobre impostos. Ele considera a carga tributária no Brasil mais leve do que em seu país de origem.
Para tentar conhecer um pouco a realidade do mercado brasileiro, quando o casal voltou para a capital federal, Thaís foi buscar informação no Sebrae e participou do curso “Aprender a Empreender”. “Minha esposa gostou muito. Acha que é uma base para quem quer abrir um negócio. Queríamos fazer o Empretec, porém com o movimento na padaria ficamos sem tempo”, diz Guillaume, em referência ao seminário das Nações Unidas que trabalha os comportamentos empreendedores e é ministrado no Brasil pelo Sebrae.
Junto com os produtos da linha francesa, Guillaume realizou algumas adaptações para o mercado brasileiro. Uma delas é vender o famoso pão francês, tão popular no Brasil e praticamente desconhecido na França. “No começo não pensava em fazer esse produto, no entanto, mudei de idéia pela grande demanda”, afirma.
Uma das novidades da Boulangerie é o chamado “pão do mês”, que inclui, provisoriamente no cardápio, um produto diferenciado. Em 2009, por conta do Ano da França no Brasil, Guillaume quer utilizar apenas produtos brasileiros nessa linha. No mês de janeiro, o destaque fica com uma receita mista de França e Goiás: o Pão de Pequi.