Pacote agrícola não resolverá crise, diz Rodrigues

Por: BBC Brasil







 








 

 








O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues
Rodrigues considera a atual crise a pior dos últimos 40 anos

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse nesta segunda-feira, em Londres, que o novo pacote agrícola a ser anunciado na próxima quinta-feira pelo governo brasileiro será “positivo”, mas insuficiente para resolver a crise do setor.

“Eu acho que a solução definitiva para a crise na agricultura dependerá em grande parte da questão cambial e monetária, isto é, a taxa de juros. O pacote é positivo, mas seguramente não resolverá todos os problemas agrícolas”, afirmou Rodrigues à BBC Brasil.


Rodrigues lamentou o fato de ter responsabilidade de resolver uma crise que, segundo ele, é causada por problemas da área econômica do governo.


“Todos esse temas estão fora do Ministério da Agricultura. Eu não mando no câmbio nem na taxa de juros nem na estrutura logística. Eu não mando em nada dessas coisas, mas a crise caiu no meu colo.”


Para Rodrigues, o setor rural brasileiro enfrenta a sua pior crise dos últimos 40 anos.


Os produtores rurais acumulam, segundo o ministro, um déficit de R$ 30 bilhões, referente à diferença do preço no momento em que os produtores plantaram e quando colheram.


“Uma crise de R$ 30 bilhões é insolúvel em um ano”, afirmou.


Violência


Rodrigues rebateu os comentários do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, que disse que se a atual crise não for resolvida, ela poderia ganhar uma proporção como a dos recentes acontecimentos em São Paulo.


“O agricultor não é violento, é um cidadão da paz. Ele quer apenas pagar o que deve e continuar vivo economicamente.”


O ministro não deu detalhes sobre o novo pacote, mas adiantou que ele terá três grandes pilares: políticas estruturais (como seguro rural com ênfase para um fundo de catástrofes naturais), plano de safra (mais recursos para crédito de custeio e mais baratos) e prorrogação de dívidas de investimento dos produtores rurais.


Rodrigues, que já disse não querer um outro mandato no governo, comentou que o seu sucessor assumirá o cargo quando o setor rural estiver saindo da crise e que encontrará mecanismos mais estruturados para os momentos de ciclos negativos.


“Espero que o próximo ministro da Agricultura encontre uma condição de trabalho muito melhor do que a que eu encontrei”, comentou.


Rodrigues disse ainda acreditar num possível acordo da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), até o final deste ano, o que beneficiaria o Brasil, pois os exportadores rurais brasileiros ganhariam maior acesso aos mercados ricos.


No entanto, ele defendeu os acordos bilaterais, como o do Mercosul com a União Européia.


“Um acordo dessa natureza é uma injeção na veia. É comércio imediato, enquanto que, na OMC, o acordo é de regras que vão apenas estabelecer os caminhos para o comércio.”

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