A crise financeira ainda não afetou o consumo de café, mas o setor não está muito tranqüilo com o que pode vir nos próximos meses. Néstor Osorio, diretor-executivo da OIC (Organização Internacional do Café), resumiu bem o sentimento da indústria no 16º Encafé, da Abic (associação das indústrias), que está ocorrendo em Porto de Galinhas (PE): “Estamos com um otimismo cauteloso”.
SEM QUEDAS
Para Osorio, não haverá queda de consumo, mas apenas reduções de preços, principalmente nos cafés de US$ 5 por xícara vendidos nas cafeterias de luxo de Londres e de Paris. O café já faz parte do dia-a-dia dos consumidores e tem baixo custo na renda total dos cidadãos. A partir de agora, o café de qualidade é o que mais deve se sustentar no mercado, acredita o diretor-executivo da OIC.
OFERTA CURTA
Independentemente da crise, haverá equilíbrio entre oferta e demanda de café, acredita Osorio. Nesta safra, a produção mundial será de 131 milhões de sacas para um consumo de 128 milhões. Para 2009/10, a situação não dever estar tão tranqüila, já que o Brasil, o pêndulo do mercado, deverá ter uma safra menor do que a atual.
DIFERENTE DA EUROPA
Massimo Locatelli, da italiana Lavazza, diz que a crise por aqui não está tendo os mesmos efeitos da na Europa. A empresa continua ampliando as vendas e deverá fechar o ano com aumento de 28% no Brasil. Francisco Campiche, da Nespresso Brasil, também diz que a crise ainda não chegou ao setor, embora haja algumas dúvidas daqui para a frente.
MOMENTO DIFERENTE
Já o presidente da Starbucks, Ricardo Carvalheira, diz que o Brasil vive momento diferente do de outros mercados, como o dos Estados Unidos, onde a empresa está reduzindo o número de lojas. Por aqui, a Starbucks faz três inaugurações nas próximas semanas e mantém a programação de investimento, com foco em São Paulo e no Rio de Janeiro.
MUDANÇAS
A crise financeira certamente deverá promover algumas mudanças nos hábitos de consumo, mas não será o caso do café no Brasil. Bernardo Wolfson, presidente da Melitta, diz que a bebida deve manter crescimento no país, mas novas opções e variedades serão determinantes daqui para a frente.