Investimento em tecnologia, conhecimento e muita água no momento certo da produção.
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café. Só no ano passado,
a safra brasileira alcançou 43,24 milhões de sacas, sendo 37,1 milhões delas
enviadas para o mercado externo, segundo dados do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA). E um dos segredos da maioria desse grão que
conquista os exigentes paladares, principalmente, dos Estados Unidos, Alemanha,
Itália, Japão e Bélgica, está no investimento em tecnologia irrigante pelos
agricultores.
É o caso do senhor Fernando Martins de Barros, um dos mais conhecidos
produtores na região da Alta Mogiana, no interior de São Paulo. Todo café da
fazenda é produzido embaixo do pivô. Atualmente, são 420 hectares irrigados com
seis equipamentos, garantindo uma produção de 56 sacas/ha na área colhida. “Na
época do meu avô, ele colhia na fazenda inteira entre 8 e 10 mil sacas, o que
hoje eu produzo embaixo de um só pivô”, comemora o agricultor.
Fernando Martins trabalha há cerca de 20 anos ao lado dos filhos, Gustavo e
Felipe, formados, respectivamente, em engenharia agronômica e administração de
empresa. Já é quarta geração criada sob os pés de café. Hoje 100% da produção
vai para o exterior, principalmente, para a Alemanha e Itália. O certificado UTZ
Certified Good Inside para exportação veio em 2007, com mais de 40 itens
avaliados. E a irrigação é um dos fatores importantes para garantia da qualidade
para o mercado externo. “O grão irrigado, via pivô, fica mais graúdo e com mais
qualidade. É, sem dúvida, uma das culturas que mais responde a irrigação”,
ressalta o produtor.
Na fazenda são produzidas variedades de café como Mundo Novo, Tupi, Catuaí,
Catucaí e Ubatã, sendo que esse último só pode, realmente, ser produzido embaixo
do pivô.
Já nas Fazendas Santa Lúcia e Santa Rosalia, na região de Araxá (MG), geridas
pelo grupo AC Café, entre dezenas de variedades o carro-chefe é a qualidade
Bourbon, que chega a ser vendida, em média, por R$800,00 a saca de 60kg. Os
grãos produzidos pela companhia vão para países como Estados Unidos, Inglaterra,
Japão, França, Coréia do Sul e Alemanha. “A gente manda amostra, o cliente
prova, vê o aspecto e confere a qualidade. A partir do ok começa a negociação e
a exportação”, explica Willian Lucas Ribeiro, gerente de Operações do Grupo AC
Café, contando que, além disso, a empresa também é responsável por todo café
comercializado por grandes redes no Brasil, como McDonald, Grupo Graal, Rei do
Mate, entre outras.
A história do grupo AC Café começou om o senhor Arlindo Conde há 55 anos, com
apenas 160 hectares. Atualmente, o negócio é presidido pelo neto Daniel Conde e
conta com investimentos do grupo Pátria. A plantação de café já atinge mais de
3.800 hectares, que garantem uma produção total média de 100 mil sacas/ano. Ao
todo, são mais de 400 pessoas empregadas diretamente pela companhia, incluindo a
equipe de campo e a envolvida na torrefação em quatro cidades diferentes.