25/02/2007 10:02:36 – O Tempo |
Os municípios que têm no café a sua principal economia são os que possuem a melhor distribuição de renda em Minas Gerais. Dados da consultoria Phorum mostram que as cidades cafeeiras registram as menores desigualdades sociais. Isso porque o cultivo do grão no Estado acontece em pequenas propriedades e demanda muita mão-de-obra. “Nas pequenas propriedades, existem muitos produtores, que, por sua vez, empregam muita gente. O café requer muita mão-de-obra pelo fato de ser uma economia pouco mecanizada”, explica o consultor e ex-ministro da Fazenda e Planejamento, Paulo Haddad. Dados da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) revelam que cerca de 600 dos 853 municípios mineiros cultivam o café. Cerca de 90% da área plantada no Estado está nas mãos de pequenos produtores – ao todo são 150 mil –, com a média de 20 ha de terra por agricultor. A Zona da Mata e o Sul de Minas são as maiores regiões produtoras de café. Renda O café rendeu aos cofres públicos e privados R$ 5,6 bilhões em 2006, o que representou 26,6% de toda a renda agropecuária de Minas. Quatro milhões de pessoas trabalham direta e indiretamente no setor no Estado. O cultivo do grão emprega 12 mil pessoas no município de Três Pontas, no Sul de Minas. A mãode- obra empregada diretamente no café representa 22,2% da população total do município. “Na época da colheita, são criados outros 10 mil empregos temporários”, afirma o prefeito da cidade, Paulo Luiz Rabêllo. Cada trabalhador recebe, em média, três salários mínimos, o que significa uma injeção extra de R$ 3,5 milhões na economia local. ICMS O café responde por 50% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) de Três Pontas, 20 pontos percentuais à frente do segmento industrial, a segunda principal fonte de renda do município. Mas não são todas as cidades cafeeiras que possuem boa distribuição de renda. Em Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, por exemplo, o café é a principal fonte da economia, mas o PIB per capita local é de R$ 2.771 por ano, 28,5% da média nacional ou R$ 231 por mês para cada um dos seus 34,8 mil habitantes. “Nosso problema é não agregar valor ao café. Tentamos atrair indústrias de torrefação, mas é muito complicado, pois esbarramos na falta de oferta de energia elétrica e nas estradas esburacadas. Também não podemos mecanizar a produção para não aumentar o nível de desemprego”, explica o prefeito Ivan Gilson Pimenta de Figueiredo. Ajudam no sustento da economia de Capelinha as transferências governamentais. Enquanto o café gera R$ 150 mil de ICMS, o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) repassa a Capelinha R$ 600 mil mensais. |