Os melhores cafés do cerrado baiano revelados na abertura do IX Encontro da Cafeicultura

Texto Catarina Guedes | Foto arquivo Nova Fronteira


Lavoura de café do Oeste da Bahia



04/12/2009 – Os cafeicultores do Oeste da Bahia conheceram os nomes dos 10 ganhadores na categoria “Natural” do Concurso de Qualidade Café da Bahia, realizado pela Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), no município de Vitória da Conquista, nos dias 27 e 28 de outubro últimos. A entrega dos troféus ocorreu durante a abertura do IX Encontro da Cafeicultura do Cerrado da Bahia, que aconteceu no dia 02, no município de Luís Eduardo Magalhães (BA), a 900 km de Salvador. O encontro foi uma promoção da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), Associação dos Cafeicultores do Oeste da Bahia (Abacafé) e Fundação Bahia. Cerca de 250 pessoas participaram da solenidade.



A categoria “natural” é a que predomina na região. Trata-se do café seco e posteriormente descascado. Embora haja outras modalidades de tratamento do grão na região, como o despolpado, os naturais se destacam, sendo o cerrado baiano a origem dos melhores naturais na Bahia. No concurso, de 15 amostras de naturais provenientes de toda a Bahia, 10 foram do cerrado baiano. “Por isso decidimos, pela primeira vez, fazer a entrega dos troféus neste Encontro, que é uma tradição de nove anos para o produtor do Oeste”, disse o presidente da Assocafé, João Lopes Araujo.



Os ganhadores do concurso foram Ney dos Santos Ferreira, Glauber de Castro, Lucas Favaro Garcia, Clair Sandro Dognani, Marcelo Favaro Garcia, Carlos André Dognani, Antonio Guerreiro, Carlos Henrique Moreira de Carvalho e Arakatu Ltda.



Também participaram da solenidade de abertura do IX Encontro da Cafeicultura do Cerrado da Bahia o diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Lucas Tadeu Ferreira, o sub-secretário da Agricultura do Estado da Bahia, Eduardo Salles, o prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Humberto Santa Cruz, o presidente da Aiba, Walter Horita, o presidente da Abacafé, Lucas Favaro Garcia, o diretor executivo da Fundação Bahia, Luciano de Andrade, representando o presidente da entidade, Amauri Stracci e o vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Roberto Ticoulat.



Foco na renda – “Não dá para ter 57 países produtores ganhando dinheiro no mundo e o Brasil não estar entre eles”, disse o presidente da Assocafé e diretor regional da Aiba, João Lopes Araujo. A baixa remuneração do produtor foi tema recorrente em todos os discursos da noite, que apontaram para os preços achatados e o câmbio como os grandes gargalos à rentabilidade. O preço médio para o café tipo 6 bebida dura está em torno de R$260 a saca, contra aproximadamente R$300 – a depender da região – no mesmo período do ano passado. Segundo Lopes, estes fatores têm atravancado a expansão do café no cerrado. Quando foram implantadas as primeiras lavouras comerciais, há cerca de 20 anos, o café ocupava 13 mil hectares no Oeste. Hoje está em 13 mil.



Diferenciais competitivos – Riscos climáticos baixos, altas produtividades e custos de produção menores, em comparação com outras regiões, foram apontados como vantagens competitivas do café do cerrado da Bahia. De acordo com o diretor do Departamento de Café do Mapa, Lucas Tadeu Ferreira, as terras planas e 100% mecanizáveis do Oeste da Bahia garantem redução de custos com mão de obra, que chegam a ser de 30% a 60% maiores em regiões tradicionais, de montanha. “Some-se a isso a produtividade média na região é de 40 sacas/hectare, enquanto a média nacional é de 19 sacas/hectare”, lembra Ferreira.



A qualidade do café da região também se destaca. “Fazemos um café de excelência, reconhecido em todo o mundo. Temos clima e solo adequados, que nos permite confiabilidade para plantar, por que não estamos crescendo em área?”, questionou o sub-secretário da Agricultura na Bahia, Eduardo Salles, que representou o secretário da Agricultura, Roberto Muniz, na ocasião. Salles, que já foi presidente da Assocafé, informou que a secretaria está trabalhando em um Plano Estratégico da Cafeicultura de longo prazo para o Estado da Bahia.



Investimentos – Representando o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinholds Stephanes, o diretor do Departamento de café no Mapa, Lucas Tadeu Ferreira, informou a existência de R$2 bilhões para apoiar a cafeicultura no próximo ano através do Funcafé. Em 2009, foram R$1,8 bi. Estes recursos, segundo o diretor, serão investidos principalmente para a melhoria das lavouras, financiamento de estocagem, uma linha de financiamento para aquisição de café pelas indústrias (FAC), mas também para a promoção e marketing dos cafés do Brasil no mundo.

“Nossa prioridade absoluta é melhorar a renda do produtor, usando todo o arsenal de políticas públicas para agronegócio de que dispomos”, afirmou Ferreira. Ele ressalta que, no ano passado, o Brasil exportou cerca de 30 milhões de toneladas de café. “Mas, com a remuneração atual, na qual em muitas regiões os custos de produção ou empatam ou superam os valores do grão no mercado, estamos apenas transferindo renda. Temos de reverter esta situação

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