A pandemia transformou radicalmente o mundo em 2020, das maneiras de interação social ao comportamento de consumo.
30/09/2020 Em meio a esse cenário de impactos significativos, que sacudiu as economias do planeta, o agronegócio brasileiro ficou isolado em uma bolha de crescimento. Foi o único segmento a registrar alta no PIB (no país).
A proteção à crise foi alimentada por uma demanda expressiva, dentro e fora de casa, que foi em grande parte abastecida pelo combustível da transferência de medidas socioeconômicas de enfrentamento à covid-19. Mas essa fonte não é inesgotável e preparar um 2021 mais sólido será um dos grandes desafios para o setor.
– Abrimos uma torneira que trouxe recursos. Precisamos fechar essa torneira. O desafio não é só econômico, é político – ponderou Felippe Serigati, do Centro de Estudos do Agronegócio da FGV, em debate sobre o tema, na programação virtual da Expointer.
Natália Fernandes, superintendente técnica adjunta da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), acrescentou outras preocupações que estarão no radar do produtor. E se relacionam aos efeitos de uma segunda onda da covid-19, no Brasil e no mundo, à recuperação da economia e à reforma tributária que “ou simplifica ou reduz a competividade”.
– A gente ainda não sabe quando será o pós-pandemia. É algo incerto que impede projeção, perspectiva que dê segurança – acrescentou Natália.
Ela lembrou de outros efeitos da covid-19 no setor. Produtores de flores e de hortaliças tiveram queda expressiva no faturamento, custos se elevaram diante da desvalorização cambial e commodities se valorizaram no mundo – segundo Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO), 5,6% no segundo trimestre.
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GISELE LOEBLEIN
Fonte : Zero Hora