NAIRO ALMÉRI | Hoje em Dia
22/05/2012
Os agrotóxicos
A Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) reproduziu em sua newsletter eletrônica, do dia 8, notícia do site “Sou Agro” intitulada “Clima tropical pede o uso de agroquímicos”. Bem ao feitio da forma como a Andef faz os embates pró-agroquímicos, ou agrotóxicos (herbicidas, fungicidas, inseticidas, acaricidas etc.), a notícia dava conta que a aplicação nas lavouras brasileiras ultrapassou a dos Estados Unidos.
Medida pelo valor faturado na indústria de agrotóxicos (maioria multinacionais), em 2010, foi de US$ 7,3 bilhões, ou 19% de participação no bolo mundial, à frente dos EUA, com 17%. O texto provoca o leitor a não pensar apenas com olhar para o veneno aplicado nas lavouras, mas enxergar também benefícios. “Primeiro, há um crescimento significativo na colheita de grãos no Brasil”, garante a publicação, apresentando resultado de pesquisas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab-Ministério da Agricultura), para o crescimento da cultura de 15,4 milhões de toneladas, na safra 1980/1981, para 75,3 milhões de toneladas na safra 2010/2011.
Os contrários e os favoráveis
É. Mas a Andef, que vive sempre no fio da navalha com a questão, terá sempre pela frente um embate a cada mês – ou até mais. Na semana passada, durante a 40ª Expoingá, em Maringá (PR), foi realizado um painel exclusivo com foco nos males vindos do manejo dos agrotóxicos, envolvendo os Conselhos de Sanidade Agropecuária da região.
O mote foi o manejo integrado de pragas (MIP) e o uso de informações sobre o clima na produção agrícola. Promovido pela Secretaria da Agricultura do Paraná, Sociedade Rural de Maringá e Ministério do Desenvolvimento Agrário, o título do painel era claramente contra o uso do veneno: “Paraná com menos agrotóxico”.
Dados apresentados pela Emater-PR e divulgados pelo governo do Estado deram de conta que houve, no período 1996-2000, aplicação sem critério de agrotóxico na região de Maringá. O resultado foi o salto de 2,1 aplicações/safra para 4,2 aplicações. Isso ocorreu depois de ter sido reduzida de forma significativa a aplicação. O técnico Antonio Bodnar, da Emater-PR, adverte que “as aplicações de agrotóxico desordenadas e sem necessidade” provocaram um aumento no desequilíbrio ambiental, eliminando os predadores naturais das pragas.
O próximo fórum para a questão do agrotóxico será a 3ª Reunião do Grupo Fitotécnico de Cana-de-Açúcar, que terá como tema o “Manejo de Plantas Daninhas em Período de Estiagem”. Está programado pelo Centro de Cana do Instituto Agronômico de Campinas (IAC/USP), em Ribeirão Preto (SP). Desta vez, em território enormemente favorável à indústria de agrotóxicos, que terão três painelistas.