Nos últimos anos, o crescimento da produção e do consumo do café entre os chineses tem despertado a atenção de exportadores e fabricantes de maquinários e insumos de todos os continentes.
07/02/2018 De olho nesse mercado em expansão, o diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), o brasileiro José Sette, afirmou que quer trazer a China para os seus quadros.
Entre o fim de janeiro e começo de fevereiro, a cidade de Pu’er, no sul da China, sediou a 1ª Expo Internacional de Cafés Especiais de Pu’er. Na ocasião, autoridades e especialistas participaram de conferências e exposições, de países como a China, Brasil, Colômbia, Etiópia, Estados Unidos, Japão, Austrália, Alemanha e Inglaterra, entre outros. José Sette proferiu um discurso temático na exposição, ressaltando o potencial da China no futuro como país consumidor e produtor, bem como a importância da participação da China na OCI como um membro.
Diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), o brasileiro José Sette, afirmou que quer incluir a China para os quadros da entidade. (Foto: CRI)
“Nos últimos 20 anos, a taxa de crescimento anual do consumo doméstico da China têm sido de 14,7%, já que em 2016 atingiu aproximadamente 2,5 milhões de sacas de café. A escala do mercado cresceu, passando de US$ 300 milhões em 2002 para US$ 1,2 bilhão em 2017.”
A Ásia, de acordo com os números da organização, possui o mercado cafeeiro de crescimento mais acelerado na última década, com destaque para a Indonésia e a China. Sette, em seu discurso na abertura da Expo Pu’er, salientou a importância da China tanto para a produção quanto para o consumo do café em escala mundial nos próximos anos. Ele se disse impressionado com a boa qualidade dos grãos especiais produzidos na província de Yunnan, onde se situa Pu´er, e afirmou que a China será “bem-vinda à família da OIC”.
“Um dos propósitos de todo esse processo de entrada da China na organização é fazer com que a China se insira dentro do mercado mundial de uma maneira mais efetiva do que vem sendo feito até agora. A China é um produtor relativamente jovem no mundo cafeeiro. E certamente se beneficiará do intercâmbio de experiência de ideias, que a organização internacional de café pode proporcionar.”
O empresário brasileiro Carlos Brando, diretor da consultoria internacional P&A, especialista em agronegócios, disse concordar com a posição de Sette. Segundo ele, a China deveria desenvolver diferentes modelos de negócios no setor. Um deles seria seguir os passos do Brasil, que estimulou o consumo interno nos últimos 15 anos, se tornando o segundo maior consumidor de café do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
“Eu gosto de ver ainda a China, um país de uma classe média 400 milhões de habitantes, que é duas vezes o tamanho do Brasil, de toda a população do Brasil. Então, acho que o potencial aqui é imenso. Falta talvez um programa institucional. Existe muito investimento, loja de café, mas isso sozinho não vai levar ao consumo. O problema crítico, por exemplo, é a barreira do café e saúde. O café tem benefícios muito importantes pela saúde, são ignorados pela população. Em poucas conversas eu já escutei: o café é mau para os ossos, o café deixa o dente amarelo, o café faz aquilo. Enquanto que o chá tem toda uma lista de benefícios para a saúde. Esta lista também existe para o café. Só que não é devidamente promovida. Tem que ter o trabalho de promoção entre as empresas. Além de diferença de preço, entre chá e o café, que é muito grande ainda.”
A OIC é uma organização intergovernamental, fundada em 1963 em Londres, composta pelos países importadores e exportadores do café. A produção dos membros da organização representa atualmente 98% da produção mundial.
Fonte: CRI (Por Rafael Fontana)