Orgânicos: Construir e exportar a marca Brasil Por Ming Liu

9 de fevereiro de 2011 | Sem comentários Café Orgânico Produção

O mercado de produtos orgânicos no mundo movimenta cerca de US$60 bilhões de dólares.  A cada ano, novas empresas entram nesse nicho com produtos inovadores. Países tradicionais na produção orgânica ampliam suas áreas, mercados consolidados aumentam suas bases de fornecedores e estimulam sua produção, sinais que fortalecem o mercado.

No controle deste mercado, o Brasil já tem a sua própria regulamentação desde janeiro de 2011, marcando de vez o posicionamento no mercado mundial.

Diversas iniciativas e programas de apoio foram criados. No fomento ao mercado de exportação, podemos  apontar que nestes últimos cinco anos, com o apoio do IPD (Instituto de Promoção do Desenvolvimento) e da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) e com a parceria estratégica da Apex-Brasil,  vem sendo executado  o projeto setorial nacional  para a promoção das empresas de orgânicos e seus produtos  no mercado global. O Projeto Organics Brasil  é o resultado desta parceria que, a cada ano, expande oportunidades no mercado externo.

O Projeto conta  atualmente com o atendimento a 72 empresas associadas, de 15 estados, nos segmentos de alimentos, bebidas, cosméticos, têxteis e de serviços.  O Projeto tem a missão de construir uma imagem sólida e de referência do segmento no mercado global,  promover as marcas, produtos e empresas/produtores brasileiros; e com a visão para que, o Brasil tenha sua imagem associada às práticas de uma economia preocupada com o desenvolvimento de seu povo, progresso de suas cadeias produtivas, e inserção no mercado global com práticas de ética e compromisso com meio ambiente, natureza e sua biodiversidade.

O Organics Brasil vem utilizando ferramentas de competitividade importantes disponibilizadas pela Apex-Brasil, como: o planejamento estratégico, inteligência comercial e branding, as mesmas que se aplicam também aos quase 80 setores que a entidade apóia.

Realizamos parcerias de ações pontuais de promoção internacional e nacional, com instituições públicas e privadas, como a própria Federação das Indústrias, a CNI, Ministério de Desenvolvimento Agrário,  Ministério da Agricultura, Sebrae, SUFRAMA, Ministério de Ciência e Tecnologia, Itaipu Binacional; e da participação de grupos de discussões nas áreas de sustentabilidade, como o IPAS (com Nestlé, Carrefour, Sadia entre outras que buscam trazer ações integradas na cadeia dos alimentos) e o grupo de trabalho do Ministério dos Esportes que trata das ações da agenda de sustentabilidade para a Copa 2014, para a realização de uma Copa Orgânica e Sustentável.

É uma grande evolução para um setor que até cinco anos atrás ainda tinha como principais produtos apenas frutas, legumes, e produtos in natura orgânicos.

Hoje o Brasil tem um mercado interno fortemente aquecido, com redes de varejo nacional e internacional ampliando seus espaços para os produtos orgânicos, além de uma imensa cadeia de produtores da agricultura familiar e agroecologia. 

Na área de serviços, os restaurantes e os chefs reconhecem o valor agregado dos produtos orgânicos aos seus serviços e sua diferenciação junto ao consumidor final. Caterings e hotéis buscam por produtos sustentáveis para oferecer aos hóspedes mais exigentes. E os consumidores buscam, cada vez mais, produtos saudáveis, que tenham histórias e conceitos que reflitam os benefícios socioeconômicos em sua cadeia.

Os produtos orgânicos brasileiros chegam a mais de 70 países, como no caso das frutas, sucos e polpas. O açúcar e o mel tornaram-se referências de qualidade e origem. O Projeto Organics Brasil participa anualmente de sete feiras internacionais,  nos continentes das Américas (norte e sul), Europa e Ásia. Os mercados alvos são: Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Reino Unido, França, Japão,  Coréia do Sul  e Austrália.

Em alguns países são realizados eventos como missões e rodadas de negócios ou prospecção de novos mercados, através dos Setores Comerciais das Embaixadas e Consulados.
Trazemos executivos de varejo e de distribuição estrangeiros para conhecer o mercado brasileiro e visitar as empresas in loco. Essa ação já proporcionou cerca de 40 novos compradores dos principais mercados.

O Projeto, desde o seu lançamento no final de 2005, já envolveu investimentos na ordem de pouco mais de R$ 12 milhões e refletiu nos resultados de exportação na ordem de mais de US$ 120 milhões.

O biênio 2010-2012 tem orçamento total de pouco mais de R$ 4,2 milhões, com o objetivo de atingir a meta de exportações na ordem de 100 milhões de dólares/ano. Neste período serão desenvolvidas ações com outros setores do agronegócio, integrados pela Apex-Brasil, como: frutas, carnes, café, mel, cosméticos, vinhos, balas e confeitos e chá mate. Integrar cadeias produtivas convencionais com o segmento de orgânicos fortalece a imagem do país,  onde o agronegócio não precisa ser apenas resultados de volumes e números, mas de programas  integrados.

Esses resultados mostram o crescimento e o potencial deste mercado, indica que temos de nos preparar mais para o desenvolvimento e crescimento da economia, com planejamento para os novos desafios num cenário com maior visibilidade internacional.

O Brasil não pode ser deixado de lado quando se discutem temas globais relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade e desenvolvimento social. Assuntos como fontes e bases de energia limpa, política de resíduos sólidos,  agronegócio,  meio ambiente e sustentabilidade remetem diretamente às temáticas que os produtores e empresas do segmento de orgânicos estão praticando no seu dia a dia.

Construir a imagem deste setor é mais do que promover as empresas do Brasil e gerar resultados quantitativos, é também marcar presença e estar presente no mundo moderno dos negócios, com segurança alimentar e com todas as garantias de rastreabilidade.
 
Ming Liu é coordenador executivo do Projeto Organics Brasil, administrador de empresas formado pela FGV-SP e mestre em agronegócio em grãos pela Kansas State University.

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