Além de vegetais, carnes e ovos são produzidos sem uso de hormônios na alimentação de animais
De
sabor mais apurado e livres de defensivos químicos, os produtos orgânicos se
expandem no campo, ganham novos pontos de vendas e conquistam o consumidor.
Inicialmente restrito aos hortifrutigranjeiros, o conceito passa a ser aplicado
também à produção de carne e ovos, ampliando as opções de cardápio de quem busca
uma alimentação natural e saudável. Nas gôndolas das grandes redes de
supermercados e nas feiras livres do Grande Recife já é possível encontrar desde
verduras e legumes orgânicos até carnes de frango, porco e boi criados sem o uso
de antibióticos e suplementação hormonal.
Com preço em média 60% mais
caro do que os produzidos pelo sistema tradicional, os orgânicos têm demonstrado
ser um bom negócio para agropecuaristas e revendedores. O mercado brasileiro dos
alimentos livres de agrotóxicos já responde por uma movimentação anual de R$ 450
milhões. O Nordeste concentra 8,6% da produção nacional, apostando
principalmente nos hortigranjeiros, café, uva, ovos e carne de frango e
porco.
As vantagens da produção de orgânicos, antes limitada à
agricultura, chegam forte à pecuária. Com uma produção semanal de 250 frangos de
capoeira criados apenas com ração e pasto, o avicultor José Honório Silva
afirmou que o ingresso na atividade, há pouco mais de dois anos, garantiu uma
remuneração bem mais vantajosa.
Sem atravessador – Segundo o avicultor,
enquanto um frango comum é comercializado a uma média de R$ 4, o quilo, o de
capoeira criado no sistema orgânico pode chegar a R$ 5,50. Ele justifica que
além do ganho no preço, o produtor ainda economiza com a supressão no uso de
antibióticos e suplementação vitamínica.
Quem também confirma os bons
lucros da atividade é a criadora de porcos orgânicos Elza Souza. Ela explicou
que o principal problema enfrentado pelos produtores é a concessão da
certificação pelas entidades de fiscalização. Sem o selo não é possível garantir
o valor agregado ao produto, o que termina por frustrar os lucros na hora da
comercialização.
A produção de orgânicos se expande ainda aosprodutos
industrializados. Em Taquaritinga do Norte, a 189 quilômetros do Recife, a
produção de café sem
aditivos químicos vem conquistando até mesmo o mercado internacional. São mais
de 2,5 mil hectares plantados e uma colheita anual de cinco mil sacas de 60
quilos. O produto certificado assegura aos produtores preços médios por saca de
R$ 450 contra os R$ 130 pagos pelo café comum.
O Grupo Bompreço, por
exemplo, tem apostado na comercialização de frutas, verduras e legumes livres de
agrotóxicos, todos certificados pela Associação dos Agricultores Biológicos e
pela Organização Internacional Agropecuária (OIA). Já são mais de 35 itens. A
empresa já está mantendo entendimentos com fornecedores de frango, carne de boi
e ovos para iniciar a comercialização ainda no primeiro semestre de 2006.