Por José Osvaldo Bozzo (*)
O campo tem sido o braço forte do País desde os tempos do Império, quando teve início o ciclo do café. Na Primeira República, o grãozinho avermelhado, que se aclimatou tão bem no Sudeste, financiou a industrialização e permitiu a implantação das primeiras linhas férreas e a consolidação de um sistema bancário forte.
Hoje, quem ocupa a posição de ouro verde nacional é a soja, que bateu recorde na colheita em 2008/09 (65,159 milhões de toneladas). Atrás apenas dos Estados Unidos, o Brasil é o segundo maior produtor mundial desse produto, respondendo por 22% do total comercializado no mundo. Em média, 68% da soja colhida no País tem como destino o mercado internacional, principalmente os países asiáticos e a União Europeia.
Em segundo lugar no ranking das culturas nacionais de maior valor bruto figura a cana-de-açúcar, que rendeu ao País mais de R$ 26 bilhões em 2009, 3,7% mais que no período anterior.
É importante ressaltar que, não obstante a crise que afligiu o mundo de maneira intensa no primeiro semestre de 2009, a agroexportação foi superavitária em U$S 54,9 bilhões e aumentou seu percentual de participação nas exportações brasileiras, indo de 36,3% em 2008 para 42,5% em 2009. A cifra total foi de U$S 64,7 bilhões – na comparação com 2008, houve uma queda de 9,8%, causada principalmente pela retração de preços dos insumos agrícolas naquele momento específico. Em volume, porém, o desempenho de 2009 foi apenas 0,4% menor que no período anterior.
O complexo soja manteve a liderança do ranking de setores exportadores (26%). Em segundo lugar veio a carne (18%) e, em terceiro, o complexo sucroenergético (15%). Como se vê, o verde da nossa bandeira é nossa maior força em termos de geração de riquezas.
Para 2010, o Ministério da Agricultura projeta uma nova colheita recorde e estima que o grão renderá ao País algo em torno de R$ 45,5 bilhões, quase 9% a mais que em 2009. Espera-se um incremento de aproximadamente 5% nas exportações de produtos agrícolas. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), respaldada em dados de pesquisas recentes, estima que a produção agrícola nacional alcançará 141,347 milhões de toneladas em 2010, 4,6% acima do volume produzido no período de 2008/09. O valor bruto da produção das vinte principais culturas ficará em torno de R$ 159,6 bilhões – isto se as cotações das principais commodities brasileiras negociadas no mercado internacional mantiverem seus preços no ritmo estimado pela Conab.
Outro aspecto interessante a ser ressaltado é o papel do agronegócio em geral, e da soja em particular, na disseminação do desenvolvimento por todo o País. O Paraná é, individualmente, o estado brasileiro que mais produz soja. Mas, graças aos incentivos governamentais iniciados na segunda metade da década de 1970 com o objetivo de viabilizar a região do Cerrado para a agricultura, 50% da produção nacional de soja vêm hoje dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia.
É o agronegócio alimentando o crescimento do nosso povo!
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(*) José Osvaldo Bozzo é sócio-diretor da BDO, responsável pelo escritório de Ribeirão Preto
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Camila Del Nero
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