OPINIÃO – Bravata não mata fome

22 de outubro de 2009 | Sem comentários Mais Café Opinião
Por: Correiro Popular

OPINIÃO
22/10/2009 
  
ANTONIO EGIDIO
CRESTANA

A fome foi sempre companheira da humanidade. Nos idos do século 19, Malthus apregoava crescimento geométrico do povão e aritmético da produção de alimentos, entrando a sustentabilidade da civilização em rota de colisão com a escassez alimentar. Em contraposição aos arautos do desastre, felizmente, existe a turma do “agarra”, aquela que acorda cedo e faz as coisas acontecerem. Norman Borlaug, lá pelos anos 50, estabeleceu novidades na agropecuária, uso intensivo de insumos, tecnologia de ponta e pesquisas, o que resultou na “Revolução Verde”, multiplicando a produção de alimentos, dando oportunidade ao ser humano de viver com fartura na boa e velha Terra.


Não é fácil tirar da terra o fruto pretendido: uma safra agrícola começa meses ou anos antes da colheita. Há que se preparar o solo, corrigir seus defeitos, lançar a semente, adubá-la, regá-la ou esperar que São Pedro o faça, rezar para que o tempo seja favorável, colher no momento correto. As inevitáveis intempéries jogam no time do adversário, não faltando uma tempestade de granizo para condenar uma safra quase pronta. Os países do Primeiro Mundo, Estados Unidos, da Europa e Japão, perseguindo segurança alimentar e para ter certeza de que seus agricultores não deixarão o campo para viver na cidade, subsidiam fortemente a produção rural: desviam de seus tesouros a bagatela de um bilhão de dólares a cada um dos 365 dias do ano, todos os anos, a fim de favorecer o campo, baixando de maneira predatória os preços da produção agrícola.


O Brasil não subsidia sua agropecuária: pelo contrário, temos tal carga de impostos, que nossos insumos e máquinas são mais caras que no resto do mundo, acarretando altos custos de produção. Não temos política agrícola, muito menos seguro de produção rural. Mas Deus parece ser mesmo dos nossos: colocou nos campos um povo obstinado, teimoso. Utilizando-se de tecnologia avançada, aprimorada por nossas instituições de pesquisa, consegue produzir alimentos, fibras e energia suficiente para a população, tornando-nos autossuficientes, ao menos de trigo, malte para a cerveja e mais quase nada. O excedente vai para o exterior, representando 40% de toda exportação brasileira.


Não quero dizer que a fome esteja banida de nosso território. Temos ainda fome, analfabetismo e pobreza, mas não por falta de alimento. Pelo contrário, graças à nossa imensa produção agrícola, o País tem gerado excedentes em sua balança comercial, acumulando as tão cobiçadas reservas financeiras e possibilitando a importação daquilo que não produzimos em casa. Somos campeões de produção e exportação de carne bovina e avícola, café, suco de laranja, algodão, soja, milho e por aí vai. Fomos a âncora verde que manteve os alimentos a preços baixos durante a implantação do Plano Real, possibilitando a compra, pelo trabalhador, de uma cesta alimentar cada vez maior.


Agora, me deixa encalhado é ver alguns lunáticos, modernos Antonio Conselheiros, usando a galera ignara como massa de manobra, apregoarem a destruição desse imenso parque produtivo, em nome de uma ideologia arcaica e baseada em falsos princípios. Não são da turma do “agarra”, jamais plantaram uma semente de milho, nunca passaram pelas dificuldades dos verdadeiros agricultores. São terroristas. Cadeia neles!


Antonio Egidio Crestana é presidente do Sindicato Rural de Campinas

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